Ex-chefe da PF no Rio aponta delegado próximo dos filhos de Bolsonaro e relata 'trâmite diferente' na Furna da Onça
Em novo depoimento, o diretor-executivo da Polícia Federal, Carlos Henrique Sousa, afirmou que a Operação Furna da Onça teve um "trâmite diferente do habitual", em razão de uma decisão do desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Ainda confirmou que havia indícios de que a ação vazou antes de seu cumprimento, em...

Em novo depoimento, o diretor-executivo da Polícia Federal, Carlos Henrique Sousa, afirmou que a Operação Furna da Onça teve um "trâmite diferente do habitual", em razão de uma decisão do desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Ainda confirmou que havia indícios de que a ação vazou antes de seu cumprimento, em 2018, e apontou um delegado da Polícia Federal próximo da família Bolsonaro.
Em seu primeiro depoimento, Sousa, que já esteve à frente da Superintendência do Rio, havia sido o único a confirmar que a PF naquele estado chegou a investigar o senador Flávio Bolsonaro. No entanto, o inquérito, na esfera eleitoral, foi arquivado. Na semana passada, ele pediu para depor novamente e prestar novos esclarecimentos. As declarações foram dadas no âmbito de inquérito que investiga suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF.
Questionado sobre se soube do vazamento da Operação Furna da Onça para Affonso Monerat, ex-secretário de Luiz Fernando Pezão, um dos investigados, Sousa afirmou que teve conhecimento de que o ex-chefe da pasta já esperava as equipes da PF com roupa social e um diploma universitário em mãos. Ele diz não saber se o vazamento ocorreu, mas relata que o inquérito foi instaurado à época.
Porém, Sousa disse no depoimento ter "conhecimento que a expedição dos mandados teve um trâmite diferente do habitual, pois o relator da operação do TRF-2 Abel Gomes, levou a decisão para apreciação da Turma Criminal correspondente".
Em suas novas declarações, Sousa ainda cita o delegado de Polícia Federal Marcio Derenne, atualmente em missão no exterior, como próximo de Bolsonaro, seus filhos e amigos.
“O depoente não sabe precisar se na época da Operação Furna da Onça o delegado Marcio Derenne se encontrava na SR/RJ, que a proximidade conhecida pelo depoente seria entre o DPF Marcio Derenne e os filhos do presidente, não sabendo precisar exatamente qual dos filhos". Segundo ele, "em várias oportunidades o delegado Marcio Derenne foi cedido para atuar em outros órgãos, tais como: Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, gabinete do senador Lindberg Farias, assim como em outra oportunidade foi cedido para atuar junto ao ministro Picciani Filho".
O depoimento de Carlos Henrique se deu logo após ser aberta uma nova investigação sobre o vazamento da Furna da Onça. O inquérito foi instaurado com base nas declarações do empresário Paulo Marinho, em entrevista à Folha de S. Paulo. Ele afirmou que, em dezembro de 2018, o filho 01 do presidente Flávio Bolsonaro lhe disse que soube com antecedência que a Operação Furna da Onça, que tinha Fabrício Queiroz como alvo, seria desencadeada. Segundo contou Flávio a Paulo Marinho, o alerta ocorreu entre o primeiro e o segundo turnos das eleições presidenciais e foi dado por um delegado da Polícia Federal simpatizante da candidatura de Bolsonaro. Ainda segundo Paulo Marinho, os policiais teriam segurado a operação sigilosa para que ela não ocorresse no meio do segundo turno, o que poderia prejudicar a candidatura de Bolsonaro ao Planalto.
Neste novo depoimento, Sousa ainda afirmou que foi levado, em 2019, pelo diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, para uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro, sem a presença do então ministro Sérgio Moro e do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. À época, ele era superintendente da PF em Pernambuco, e acabou substituindo o delegado Ricardo Saadi no Rio.
Saadi vinha sendo alvo de críticas públicas de Bolsonaro, que exigia sua saída. Segundo Sousa, Ramagem disse que "seria importante conhecer o presidente Jair Bolsonaro". Ele alega que a reunião foi autorizada por Valeixo.
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