E quem seria o plano B de Biden?
Joe Biden (foto) construiu, nos últimos quatro anos, uma hegemonia clara e incontestável no partido Democrata americano, a ponto de não ser confrontado em primárias e concorrer sem maiores surpresas à reeleição neste ano. Agora, com sua candidatura em um risco existencial graças a uma performance apática no debate desta quinta-feira, 27, o mesmo partido...
Joe Biden (foto) construiu, nos últimos quatro anos, uma hegemonia clara e incontestável no partido Democrata americano, a ponto de não ser confrontado em primárias e concorrer sem maiores surpresas à reeleição neste ano. Agora, com sua candidatura em um risco existencial graças a uma performance apática no debate desta quinta-feira, 27, o mesmo partido Democrata começa a sugerir um plano B — mas de B, no partido, só há Biden.
Analistas da imprensa americana, um tanto chocados com a performance abaixo das expectativas do atual presidente, já apontam que o movimento para sucedê-lo é real, e precisa ser articulado rápido. As preocupações sobre os 81 anos de Biden se mostraram reais quando, nos primeiros 15 minutos do debate com Donald Trump, ele enrolou palavras, ofegou e parecia perdido. Ao final do debate, fontes do partido pareciam não ver alternativa.
O problema é que não há alternativa a Biden. Sem primárias competitivas, o democrata não viu nenhuma contestação dentro do partido, que poderia se tornar um candidato agora. A vice-presidente Kamala Harris, que viveu apagada os quatro anos de Biden, tem uma popularidade na casa dos 40%, ligeiramente acima de Joe Biden, mas ainda sim longe de cacifá-la como uma presidenciável.
Alguns dos primeiros nomes levantados pela imprensa americana como possíveis substitutos, como os governadores da Califórnia, Gavin Newson; de Ohio, J.B. Pritzker, e de Michigan, Gretchen Whitmer, se planejavam para concorrer — mas apenas na próxima eleição, em 2028.
A situação fica ainda mais caricata quando se pensa nos nomes que apresentaram candidaturas contra Joe Biden em 2020: a senadora Elizabeth Warren, de 75 anos, ainda defende o presidente; Pete Buttgieg, de 42 anos, submergiu como secretário de Transportes de Biden; e Bernie Sanders, o único de fato a manter uma carreira mais ativa, não apenas é (bem) mais à esquerda de Biden, como é mais velho — já está com 82 anos, apesar de parecer mais jovial que o presidente.
A única sugestão ligada aos democratas que poderia dar uma vitória certa ao partido contra Donald Trump, angariando votos de todos os lados do espectro político, é o da ex-primeira-dama Michelle Obama. Ela, no entanto, é peremptória ao negar que vá entrar na carreira política.
O partido agora está numa encruzilhada, e só pode sair dela se o próprio Biden desistir da disputa. As cabeças do partido — tão brancas quanto o próprio presidente octagenário — têm até 19 de agosto, quando a convenção partidária decidirá o nome do candidato democrata a presidente. Até o momento, será o de Joseph Robinette Biden. Até o momento.
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