Documento indica contrato de mulher de Witzel com empresa de ex-subsecretário
A Polícia Federal encontrou no apartamento de Lucas Tristão, ex-secretário do governo de Wilson Witzel no Rio de Janeiro, uma minuta da rescisão de um suposto contrato firmado entre o escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel (foto), e a Quali Clínica Gestão e Serviço em Saúde. A empresa tem como sócio João Marcos Borges Mattos,...
A Polícia Federal encontrou no apartamento de Lucas Tristão, ex-secretário do governo de Wilson Witzel no Rio de Janeiro, uma minuta da rescisão de um suposto contrato firmado entre o escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel (foto), e a Quali Clínica Gestão e Serviço em Saúde. A empresa tem como sócio João Marcos Borges Mattos, ex-subsecretário de Educação na gestão Witzel e que, antes, no governo de Luiz Fernando Pezão, foi presidente da Faetec, a fundação que administra as escolas técnicas do estado.
O documento foi anexado ao inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República para investigar Witzel e a primeira-dama por suposta participação no esquema de desvio de dinheiro em contratos emergenciais na pandemia. A Faetec é um dos órgãos do governo fluminense que contrataram as empresas do grupo de Mário Peixoto, empresário preso em maio acusado de fraudar contratos públicos no Rio. Parte dos negócios foi fechada por dispensa de licitação. Esses contratos são citados pela PF e pelo Ministério Público Federal nos pedidos da Operação Favorito, que investiga desvios na saúde do Rio.
Helena Witzel tornou-se alvo da investigação após a descoberta de outro contrato do seu escritório, no valor de 540 mil reais, firmado com uma empresa que seria ligada a Peixoto. Já Lucas Tristão, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e braço-direito de Witzel no governo, recebeu ao menos 225 mil reais das empresas de Peixoto, segundo o MPF. Ele foi exonerado no início do mês.
O documento com o pedido de rescisão do contrato de Helena Witzel com a empresa do ex-subsecretário João Mattos é de 17 de abril de 2020, cerca de um mês antes da deflagração da Operação Favorito e quando as interceptações que citam possível pagamento de propina em contratos da Faetec com empresas de Mário Peixoto já haviam sido realizadas. O contrato, de acordo com a minuta de rescisão, teria sido assinado em 2019, primeiro ano do governo Witzel, e previa serviços de consultoria jurídica extrajudicial, sem atuação em processos específicos.
Encontrado na impressora de Lucas Tristão, o documento foi utilizado pela subprocuradora Lindôra Araújo para se manifestar contra o pedido do ex-secretário para desmembrar a investigação e mandar o seu caso para a 1ª instância. O papel, diz Lindôra, “revela claramente a ligação provavelmente espúria” entre a primeira-dama e Tristão.
Dono da Quali Clínica, o ex-subsecretário de Educação João Mattos foi exonerado do governo Witzel em 23 de maio, após a deflagração da Operação Favorito, que mirou contratos da empresas de Mário Peixoto com o governo do Rio e deu origem a outra investigação, a Placebo, que realizou busca na residência do governador e no escritório de Helena Witzel. Mattos é réu por improbidade em uma ação relacionada a sua atuação como presidente da Fundação Hospitalar da cidade de Resende, no interior do Rio de Janeiro, e chegou a ter seus bens bloqueados pela Justiça.
A de Helena Witzel afirmou que "o escritório HW Assessoria Jurídica não presta mais serviços para a referida empresa, e demais informações a esse respeito serão prestadas em juízo".
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