Dez anos após a Castelo de Areia, novo cerco a tucanos está sob ameaça
É consenso entre investigadores e magistrados que atuaram em grandes casos de corrupção que a Operação Castelo de Areia, deflagrada em 2009, era o embrião da Lava Jato. O método espúrio descoberto era o mesmo: empreiteira pagando propina a políticos em troca de contratos públicos superfaturados. Na ocasião, a empreiteira da vez era a Camargo...
É consenso entre investigadores e magistrados que atuaram em grandes casos de corrupção que a Operação Castelo de Areia, deflagrada em 2009, era o embrião da Lava Jato. O método espúrio descoberto era o mesmo: empreiteira pagando propina a políticos em troca de contratos públicos superfaturados.
Na ocasião, a empreiteira da vez era a Camargo Corrêa, onde foram apreendidas pela Polícia Federal naquele ano planilhas ligando repasses ilícitos a políticos de diversos partidos. Quem teve acesso aos arquivos sabe que a lista era recheada de lideranças e parlamentares do PSDB.
A Camargo era conhecida pela relação histórica com o governo paulista, há mais de duas décadas dominado pelo partido de Mario Covas, Geraldo Alckmin e José Serra. Pela ligação estreita, era chamada de empreiteira tucana, da mesma forma como a Odebrecht ficou vinculada ao PT pelos laços com o ex-presidente Lula.
Imaginava-se há dez anos que a Castelo de Areia fosse implodir o PSDB, o principal partido de oposição ao PT à época. Mas em janeiro de 2010, o então presidente do Superior Tribunal de Justiça, César Asfor Rocha, paralisou a operação com uma liminar, em pleno recesso.
O argumento usado era o de que os grampos telefônicos tinham sido autorizados pela Justiça Federal de São Paulo com base apenas em uma denúncia anônima. A operação ficou suspensa até abril de 2011, quando foi anulada definitivamente pela 6ª Turma do STJ.
O fim da Castelo de Areia virou um capítulo da Lava Jato. Isso porque o ex-ministro Antonio Palocci afirmou em delação premiada que a Camargo Corrêa pagou 5 milhões de dólares de propina a Asfor Rocha para paralisar a operação. A empreiteira e o ex-magistrado negam. O caso ainda está sob investigação do Ministério Público Federal.
Agora que a Lava Jato fechou o cerco aos tucanos de São Paulo, o filme parece se repetir. Na última quarta-feira, 29, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, também em decisão monocrática e durante o recesso, determinou a suspensão das investigações sobre o senador José Serra, acusado de lavar dinheiro desviado das obras do Rodoanel em uma conta da filha na Suíça e de receber 5 milhões de reais de caixa dois de uma operadora de saúde.
O argumento utilizado pelo tucano e acolhido por Toffoli foi o do foro privilegiado. A defesa de Serra alegou que, por ser senador, ele não poderia ter sido alvo de busca e apreensão da Polícia Federal por decisão de um juiz da 1ª zona eleitoral e nem ter sido denunciado na primeira instância da Justiça Federal pela força-tarefa da Lava Jato em São Paulo. O caso será analisado na volta do recesso pelo ministro Gilmar Mendes, relator do processo.
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Comentários (10)
Carlos
2020-08-03 21:21:40O beiçola novamente! Sempre cai na mão dele, para decidir. E os outros da segunda turma, não trabalham ? Que conchavo !!!!
Celso
2020-08-03 21:01:41Serra é uma multidecepção. Uma desonra completa.
PAULO
2020-08-03 18:37:00O comentarista político, Moro, tem nos brindado com comentários diários, parcela significativa, atacando o governo do qual fez parte. Qual seria a razão de não se manifestar sobre os PSDBistas, Alckmin, Serra e outros ? Também não vejo o ex juiz se manifestar sobre os ministros Moraes e Toffoli do STF. Vai ser difícil aguentar o tranco, contra todos, exatamente como o atual presidente que o escolheu ministro. Não consegue criticá-los. É mais fácil trair os amigos que o respeitavam. Simples !!!
Orchidea
2020-08-03 17:56:42Se há denúncias sobre políticos o Supremo tem o dever de deixar fluir a investigação a fim de não houver dúvidas sobre a imparcialidade do responsável pelo caso .
Carlos
2020-08-03 17:32:03Alguma dúvida do entendimento de beiçola?
Valdomiro
2020-08-03 10:01:40O que temos visto nos últimos 20 anos, é que no Brasil políticos tem autorização para roubar. Os processos se arrastam e os crimes prescrevem. Eles sabem disso.
Maria
2020-08-03 09:16:25está roleta do STF deve estar viciada.cair justo com o Gilmar
Raimundo
2020-08-03 08:30:46O Brasil pertence ao “ sistema “.
José
2020-08-03 07:23:13Olha a proteção 💰💰💰💰💰💰
José
2020-08-03 06:50:31Relator do processo G. Mendes = impunidade. Vai acabar com esse como o A. Rocha acabou com o Castelo de Areia