Delator cita propina de R$ 1,8 mi a atual coordenador do Ministério da Saúde
Um ex-gerente da Camargo Corrêa afirmou em acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo que um consórcio liderado pela construtora pagou 1,8 milhão de reais de propina ao médico Flávio Vormittag (foto), ex-superintendente da Furp, fundação que controla a fábrica de remédios do governo paulista, e atual coordenador-geral de Sangue e...
Um ex-gerente da Camargo Corrêa afirmou em acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo que um consórcio liderado pela construtora pagou 1,8 milhão de reais de propina ao médico Flávio Vormittag (foto), ex-superintendente da Furp, fundação que controla a fábrica de remédios do governo paulista, e atual coordenador-geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde.
O valor teria sido exigido do consórcio para que a Furp desistisse de um recurso na Justiça contra uma sentença desfavorável e pagasse uma indenização de 18 milhões de reais ao consórcio, referente a um suposto prejuízo das empreiteiras na construção de uma nova fábrica em Américo Brasiliense, no interior do Estado, concluída em 2009.
Martin Wende contou em depoimento, ao qual Crusoé teve acesso, que foi procurado em 2013 pelo engenheiro Ricardo Mahfuz, funcionário da Furp responsável pela construção da nova fábrica, pedindo propina de 10% sobre o valor a ser pago em nome de Vormittag. Segundo o delator, o valor de 1,89 milhão de reais foi dividido entre as quatro empreiteiras do consórcio (Camargo Corrêa, OAS, Schahin e Planova) e pago em parcelas.
Vormittag foi superintendente da Furp entre 2012 e 2015, durante a gestão Geraldo Alckmin, PSDB. Desde fevereiro de 2017, é coordenador-geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde. Foi nomeado pelo ex-ministro Ricardo Barros, no governo Michel Temer, e mantido no cargo em comissão pelo ministro Luiz Henrique Mandetta, do governo Jair Bolsonaro.
Ainda de acordo com Wende, Mahfuz solicitou e recebeu 400 mil reais como uma espécie de comissão pela negociação. O delator relatou que um outro ex-funcionário da Furp chamado Adivar Cristina também participou das negociações. O ex-executivo disse que soube que as demais empresas estavam cumprindo suas respectivas partes do acordo, mas que a Camargo não conseguia executar os pagamentos por causa das suas regras de governança.
A solução, segundo ele, foi pedir que a Schahin pagasse a parte da Camargo e compensasse o valor em obras de hospitais no Pará, onde também atavam em consórcio. O delator disse que por causa do envolvimento da Schahin na Lava Jato, os pagamentos foram interrompidos e que restou um "saldo de dívidas" de propina que ele não soube precisar o valor. Por causa da "dívida", o consórcio não recebeu até hoje o termo de conclusão da obra do governo.
O depoimento de Martin Wende foi tomado há quase dois anos, em 19 de setembro de 2017, pelo promotor Marcelo Mendroni, do Gedec, braço do MP paulista que combate delitos contra a ordem econômica, como formação de cartel. Até agora, nenhuma denúncia foi oferecida contra os citados. O caso também é investigado por uma CPI na Assembleia Legislativa de São Paulo, que aprovou nesta semana a quebra de sigilo telefônico dos três ex-funcionários da Furp.
Na comissão, Vormittag e Mahfuz negaram ter recebido repasses ilícitos para fechar o acordo com o consórcio. Segundo o ex-superintendente da Furp, o acordo foi vantajoso porque teve descontos. A divida, segundo ele, seria de 25 milhões de reais. A Crusoé entrou em contato com Vormittag nesta quarta-feira, 4, mas não obteve retorno. Ricardo Mahfuz e Adivar Cristina não foram localizados.
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Comentários (10)
João Carlos
2019-09-05 14:32:47Esses corruptos se reproduzem como ratos, haja raticida pra acabar com essas ratazanas que se multiplicaram durante o (des)governo petista, esse foi um dos legados deixado pela ORCRIM petista.
Carlos
2019-09-05 12:06:36Nesse governo e nos governos anteriores tem uns caras com cargos de 1o escalão que são judeus e estão derramando a comunidade judaica brasileira.
Marcelo
2019-09-05 11:34:28A classe política do Brasil está desmoralizada. A corrupção se mostra uma pandemia nessa categoria. Tem que adotar uma política dura do tipo pena de morte para exterminar essa praga
Gustavo
2019-09-05 11:33:28Senhor ministro da saúde, este indivíduo será exonerado? Por favor né!
Benicio
2019-09-05 11:00:59A maior ORCRIM do mundo liderada pelo atual presidiário envolveu vários partidos políticos, políticos como senadores, deputados federais estaduais, governadores, prefeitos e vereadores, funcionários públicos, empresas estatais, empresários e empresas privadas, a corrupção institucionalizada de norte a sul, leste a oeste. Certamente não é fácil lavar um chiqueiro sem que a M..... espirre por todos os lados.
Rachel
2019-09-05 10:21:30Quem já participou de governos corruptos dificilmente estará isento de falcatruas. Triste realidade. Por todo lado a lama escorre como catástrofe cada vez com menos remédio.
ANTONIO
2019-09-05 07:44:53Lava Jato, Lava SUS (do Edmundo), Lava Corrupção, etc, tudo espécie do gênero Lava Toga, por onde escorrem todo tipo de ladroeira, safadeza e pouca-vergonha.
Edmundo
2019-09-05 05:10:40É impressionante, mas a corrupção na saúde ainda não foi sequer arranhada. Eu tenho quase certeza que a Lava jato é coisa pequena comparado a uma Lava SUS se for criada. A Saúde é naturalmente um buraco fundo, mas esses políticos junto com inúmeros médicos e outros profissionais, transformaram e buracos negros. LAVA SUS JÁ.
Joséf
2019-09-05 00:45:57Quando o Bolsonaro demite ou substituí alguém a gritaria é geral. Quando deixa olha a peça que ficou.
Enio
2019-09-04 23:56:09Vão engavetar, como engavetaram o escândalo da merenda. Aqui em São Paulo, nenhum bandido do PSDB será preso.