De olho na China, EUA pressionam indústria bélica
Pressionado por estoques baixos, Pentágono exige crescimento acelerado da produção bélica para desafio estratégico com a China

O Pentágono americano está impondo uma agenda ousada aos fabricantes de mísseis: dobrar, e em alguns casos até quadruplicar, a produção de doze sistemas críticos, numa resposta direta à constatação de estoques nacionais insuficientes para um eventual embate com a China, informa o Wall Street Journal.
Segundo fontes do jornal, o Departamento de Defesa, auxiliado pelo recém-criado Munitions Acceleration Council, intensificou encontros semanais com grandes empresas do setor, como Lockheed Martin, Raytheon e Boeing, buscando firmar compromissos e planos concretos de expansão.
Essa pressão se aplica sobre vários gargalos de componentes essenciais, como sensores, que hoje estão sendo produzidos por poucas empresas, o que limita grandes saltos na escala de produção.
Os prazos de certificação e de testes são longos e cada nova linha exige grandes aportes de investimentos.
Apesar de um aumento de 25 bilhões de dólares aprovado recentemente em verba para munições, especialistas alertam que esse valor pode não ser suficiente para sustentar o crescimento acelerado no ritmo exigido.
A urgência dessa reorientação logística acontece, em parte, do uso intensivo de armas americanas em conflitos recentes, como na Ucrânia, o que reduziu os volumes disponíveis de sistemas como os interceptores Patriot. LRASMs, SM‑6 também estariam na lista de prioridades.
Também moldam esse cenário os exercícios de planejamento estratégico que antecipam desafios marítimos e a contestação da influência dos EUA na região do Oceano Pacífico diante da ascensão militar chinesa.
Ao pressionar fabricantes a fornecerem esquemas de expansão no curto, médio e longo prazo, com múltiplos horizontes de 6, 18 e 24 meses, o Pentágono quer quebrar o que considera inércias da indústria de defesa, acelerando a contratação de pessoal e a ampliação da cadeia de suprimentos.
Alguns fornecedores já iniciaram investimentos antecipados, embora de forma ainda cautelosa, até que recebam contratos firmes como garantia.
Ainda que o plano seja impulsionado pela lógica de prontidão e dissuasão diante de uma China cada vez mais assertiva, ele testa os limites da capacidade industrial, custos e sustentabilidade da coordenação entre governo e setor privado americano.
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