De Cochabamba, Evo diz que "a luta continua"
Após a renúncia do presidente da Bolívia, Evo Morales (foto), e do vice-presidente, Álvaro García Linera, neste domingo, 10, o Congresso ainda terá de aceitar os dois pedidos. O Senado então terá de eleger um presidente para a Casa, que acumulará a função de presidente provisório do país. O escolhido ficará encarregado de aprovar uma...

Após a renúncia do presidente da Bolívia, Evo Morales (foto), e do vice-presidente, Álvaro García Linera, neste domingo, 10, o Congresso ainda terá de aceitar os dois pedidos.
O Senado então terá de eleger um presidente para a Casa, que acumulará a função de presidente provisório do país. O escolhido ficará encarregado de aprovar uma lei transitória e dar início a um novo ciclo eleitoral.
A situação, portanto, ainda não está totalmente definida. Morales e Linera estão em Cochabamba, região onde se concentram seus apoiadores. Morales segue como o presidente de seis federações de cocaleiros.
"Vamos continuar com o povo boliviano como fizemos até agora. Vamos continuar desde as bases. Eu volto à Cochabamba. Agora terei mais tempo para compartilhar", disse Morales.
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Comentários (10)
Uira
2019-11-16 17:15:58Se nem o mais simples for possível de ser realizado, então como se pode esperar que outras tarefas mais complexas e que dependem exatamente do mais simples possam ser executadas? Uma eleição em que todas as forças políticas pudessem disputar o voto do eleitor de forma relativamente imparcial já seria um bom ponto de partida para um reboot do sistema antigo a partir de um novo patamar.
Uira
2019-11-16 17:11:43O próprio sistema político boliviano precisaria primeiro ser estabilizado e munido com uma estrutura mínima para permitir que o processo legislativo e judicial possam por si próprios realizar o processo de depuração e consolidação institucional sobre as quais um modelo sólido de democracia pode ser mantido, adaptado e evoluído. Não há fórmula mágica, a primeira coisa de todas deveria ser permitir a realização de eleições sem fraudes.
Uira
2019-11-16 17:06:29A situação de curto prazo da Bolívia não vai mudar, se em séculos o país não logrou sair da situação precária e de subdesenvolvimento na qual se encontra agora, pq o futuro na repetiria o passado e o país continuaria à deriva sem um rumo certo? A corrupção não irá acabar do dia para a noite, na melhor das hipóteses, seria reduzida paulatinamente a níveis cada vez menores, enquanto o aparato social se fortalece e se arma para combatê-la.
Uira
2019-11-16 16:54:42Ele preservaria parte do seu capital político junto à uma parcela da população e do eleitorado que não tinha e ainda continua sem ter alguém que os represente. Mas claro, isto depende de o partido dele conseguir participar das próximas eleições. Evo representa uma parcela do eleitorado que sempre se sentiu excluído dos círculos do poder e agora deve estar tendo a sensação de que estão mais uma vez voltando a esta condição.
Uira
2019-11-16 16:46:57Portanto, ao invés de tentarem simplesmente desvirtuar o sistema político e eleitoral em favor deles, deveriam aproveitar a janela de oportunidade e ganhar dentro das regras do jogo, já que eles essencialmente não precisariam trapacear para ganhar. Para Evo, apesar de ele abrir mão do poder, ele tb abre mão do desgaste natural que este acaba por ocasionar e agora quem vai passar a sofrer com este processo natural de corrosão é o outro lado.
Uira
2019-11-16 16:42:57Parece ser importante tb que, apesar de estar no exterior, Evo tenha condições de exercer sua influência, pois é mais do que razoável supor que ele neste momento não será capaz de eleger um substituto, mas poderia muito bem "ajudar" a acalmar os ânimos e chegar a um meio termo que permitam a realização de eleições dentro de um clima amistoso, se assim pode-se dizer. Os adversários de Evo não deveriam ter muito do que reclamar, eles têm mais do que talvez esperasse há alguns meses atrás.
Uira
2019-11-16 16:37:46O mais importante neste momento parece ser garantir que as eleições ocorram da forma mais limpa possível. Zero corrupção é uma utopia, mas quanto menor ela for, melhor, portanto, se já fosse possível se realizar uma eleição onde especificamente a votação ocorresse sem fraudes, já seria um primeiro passo importante. O mesmo não se pode esperar da campanha, mas esta parte especifica do processo eleitoral é muito mais difícil de ser controlada e "vigiada".
Uira
2019-11-16 16:35:00Da mesma forma, o que existe no Brasil não pode ser considerado realmente uma democracia em sentido estrito, pois nenhuma democracia de verdade pode resistir à corrupção. Neste sentido, há uma superposição entre a Bolívia e o Brasil, para que ambos se transformem em uma democracia minimamente compatível com o que a teoria dita, ambos ainda têm que trabalhar a questão da corrupção. Mas este processo no Brasil parece estar mais avançado.
Uira
2019-11-16 16:31:38Tal como com o Brasil, para a Bolívia sair de onde ela se encontra neste momento, provavelmente levará décadas, mas não é algo impossível. Democracia como conceito é muito bom, mas enquanto sistema prático engloba uma série de coisas que parecem uma democracia, mas estão mais próximos de uma ditadura. Em uma escala de mensuração da democracia, o governo de Evo não era uma ditadura, muito menos uma democracia em sentidos estritos. Maduro, por exemplo, estaria muito mais para ditador.
Uira
2019-11-16 16:25:23O contexto socioeconômico boliviano e da própria América Latina é propício para uma espécie de patriarcalismo político, uma vasta massa de indivíduos vivendo em condições precárias e sem educação que podem ser cooptados via Estado. Apesar disto, Evo representa uma quebra em um padrão de governantes com mandatos ou governos curtos. Ele logrou ficar 15 anos no poder e, apesar disto, não aparelhou todo o Estado, não o suficiente para se agarrar no poder tal como Maduro na Venezuela.