CPI aprova sessão secreta para ouvir Miranda e convoca Ricardo Barros
A CPI da Covid aprovou nesta quarta-feira, 30, a realização de uma sessão secreta para ouvir o deputado Luis Miranda, do DEM do DF. O parlamentar prestará depoimento na condição de testemunha, sob o compromisso de falar a verdade, na próxima terça-feira, 6. A chancela à sessão reservada ocorreu após, em entrevista exclusiva a Crusoé,...
A CPI da Covid aprovou nesta quarta-feira, 30, a realização de uma sessão secreta para ouvir o deputado Luis Miranda, do DEM do DF. O parlamentar prestará depoimento na condição de testemunha, sob o compromisso de falar a verdade, na próxima terça-feira, 6.
A chancela à sessão reservada ocorreu após, em entrevista exclusiva a Crusoé, Miranda revelar detalhes sobre o caso Covaxin. O deputado disse que recebeu do lobista Silvio Assis uma oferta de propina para que deixasse de impor obstáculos à importação da vacina desenvolvida pelo laboratório indiano Bharat Biotech, representado no Brasil pela Precisa Medicamentos.
A conversa aconteceu enquanto o parlamentar deixava a casa de Assis após uma reunião que contou com a presença do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros. O lobista falava em nome da Precisa. A proposta era de 6 centavos de dólar por cada dose adquirida pelo governo. No total, Miranda poderia levar 1,2 milhão de dólares – ou 6 milhões de reais – se a venda das 20 milhões de doses da Covaxin para o Ministério da Saúde fosse finalmente concluída.
“Apesar de não ter citado o nome do meu irmão, ele falar para eu ‘ajudar com as vacinas’ foi mais do que suficiente. Como eu ajudaria? Eu sou um deputado. Sou do Legislativo, e não do Executivo”, disse a Crusoé.
O diálogo ocorreu em maio, tempos depois de o deputado Luis Miranda e o irmão dele, Luis Ricardo Miranda, terem procurado Jair Bolsonaro para alertá-lo sobre indícios de corrupção na compra da Covaxin. A dupla conversou com o presidente da República no Palácio da Alvorada em 20 de março, conforme antecipou O Antagonista.
À CPI da Covid, na semana passada, o deputado revelou que, ao apresentar as denúncias a Bolsonaro, ouviu do presidente que o esquema era “coisa” do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros. Na ocasião, o servidor Luis Ricardo Miranda narrou ao chefe do Planalto que se negou a assinar uma nota fiscal que autorizaria o pagamento antecipado da pasta de 45 milhões de dólares a uma offshore sediada em Cingapura, um “paraíso fiscal”.
Na esteira das revelações, a CPI aprovou, ainda, a convocação de Ricardo Barros para prestar depoimento. A oitiva está agendada para a próxima quinta-feira, 8.
Barros não falará apenas sobre a Covaxin, pois está ligado a outro escândalo. O líder do governo na Câmara é o responsável pela indicação de Roberto Ferreira Dias ao cargo de diretor de Logística do Ministério da Saúde. Ele foi exonerado do posto após o jornal Folha de S.Paulo revelar, na noite de ontem, que um representante de uma vendedora de vacinas o acusa de ter cobrado propina de 1 dólar por dose em troca de um contrato para a compra de imunizantes.
Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que diz falar em nome da empresa Davati Medical Supply, afirma que a exigência ocorreu em um jantar no restaurante Vasto, localizado no Brasília Shopping, em 25 de fevereiro. À época, a empresa havia buscado o ministério para negociar a venda de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.
Dominguetti prestará esclarecimentos à CPI nesta sexta-feira, 2. Roberto Ferreira Dias, por sua vez, falará aos senadores na próxima quarta-feira, 7.
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Comentários (3)
Luiz
2021-07-01 10:04:23Não posso imaginar a ocorrência de uma "reunião secreta" para ouvir testemunha. O procedimento fere de morte princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Não estou aqui fazendo a defesa de quem quer que seja. Mas a forma como os senadores estão conduzindo a CPI já demonstra, à saciedade, o desejo de condenar o Presidente. Precisamos de um processo extremamente transparente e não de caça às bruxas.
JOAO
2021-07-01 08:06:47Seus idiotas, isso não vai acontecer...
Jose
2021-06-30 12:18:30Oba! Veremos bozistas se digladiando. Finalmente a hora chegou!