Como o fim da cooperação brasileira afeta a Lava Jato no Peru
Ministério da Justiça, comandado por Lewandowski, suspendeu colaboração com operação peruana que investiga corrupção da Odebrecht

A Secretaria Nacional de Justiça, vinculada ao Ministério da Justiça, comandado por Ricardo Lewandowski, suspendeu a cooperação com o Peru em processos envolvendo a antiga Odebrecht (atualmente Novonor).
A decisão ocorre após autoridades peruanas terem usado provas que foram declaradas inválidas pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2023.
Em setembro de 2023, Dias Toffoli atendeu a um pedido da defesa de Lula e decidiu que todas as provas obtidas a partir do acordo de leniência da Odebrecht e dos seus sistemas Drousys e MyWebDayB não poderiam ser usados em quaisquer processos criminais, eleitorais, cíveis ou de improbidade administrativa no Brasil.
Os magistrados peruanos, contudo, entenderam que as provas eram válidas e, a partir do uso delas, condenaram o ex-presidente Ollanta Humala e sua esposa Nadine Heredia (na foto, com Lula) por lavagem de dinheiro.
Nesta sexta, 16, o ex-presidente Ollanta Humala tentou usar a suspensão da cooperação brasileira a seu favor.
"A cooperação judiciária entre Peru e Brasil não foi suspensa, ela foi rompida; e os casos que a Justiça peruana deveria ter combatido, como casos de corrupção entre grupos empresariais e o Estado, estão enfraquecendo. Ao nos perseguirem politicamente, a nós que não somos acusados de corrupção, mas sim de uma suposta contribuição de campanha, o combate à corrupção foi enfraquecido", publicaram os assessores de Humala no X (o ex-presidente está preso. Sua mulher fugiu para o Brasil em um jato da Força Aérea Brasileira).
A decisão tomada pela pasta de Lewandowski enfraquecerá a operação peruana da Lava Jato, mas não terá efeito sobre as condenações já anunciadas.
"Ollanta Humala e Nadine Heredia foram julgados e condenados a partir de várias evidências, incluindo depoimentos de executivos da Odebrecht que já tinham sido feitos e registrados em papel. Por isso, não haverá alterações", diz o advogado peruano Dino Carlos Coria.
"Mas há outros processos da Lava Jato sendo conduzidos no Peru que estão em fases mais preliminares, como de investigação e de acusação. Em muitos deles, contava-se que ainda seria possível obter o depoimento de ex-executivos da Odebrecht. Esses casos agora ficam enfraquecidos com o fim da cooperação brasileira. Os advogados de acusação agora só poderão contar com as declarações que já foram dadas e impressas", afirma Coria.
Exportação de impunidade
O senador Sergio Moro, do União Brasil, comentou o fim da cooperação brasileira na rede X.
"O governo Lula reincide em exportar impunidade para proteger corruptos. Deve ser a página mais vergonhosa da história da cooperação jurídica internacional. O que aconteceu com o MJ/DRCI?", escreveu Moro.
DRCI é a sigla para o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional.
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Comentários (2)
Andre Luis Dos Santos
2025-05-16 18:17:32O Brasil só faz passar vergonha. Fim da picada.
F-35- Hellfire
2025-05-16 17:14:02A anulação de todas as provas da Lava - Jato é uma das mais ridículas decisões do STF, tomoda pelo seu mais incompetente membro: Dias Toffoli. É uma piada sem a mínima graça, pior: os demais membros nem pestanejaram! Deveriam ficar vermelhos de vergonha. Espero e rezo para que Lula e o PT caiam fora do poder em 2026.