Como o empréstimo apoiado por Lula ajudou o peronismo na Argentina
Um artigo da jornalista Vera Rosa publicado na edição desta quarta, 4, no Estadão, afirma que o presidente Lula pediu para que a ministra do Planejamento, Simone Tebet, votasse para autorizar um empréstimo de 1 bilhão de dólares do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) para a Argentina. No mesmo dia, Tebet negou que...
Um artigo da jornalista Vera Rosa publicado na edição desta quarta, 4, no Estadão, afirma que o presidente Lula pediu para que a ministra do Planejamento, Simone Tebet, votasse para autorizar um empréstimo de 1 bilhão de dólares do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) para a Argentina.
No mesmo dia, Tebet negou que tenha recebido uma ligação de Lula com esse teor. "Lula não me ligou. Despachei com minha secretária encarregada, que disse que os demais países votariam a favor".
Seja como for, o empréstimo foi aprovado em julho e já teve um impacto nas eleições primárias da Argentina, que ocorreram em 13 de agosto. Além disso, também está tendo efeitos na atual campanha para o primeiro turno, que ocorre em 22 de outubro.
O empréstimo em questão é conhecido como "ponte". Isso porque foi utilizado, com outros recursos que vieram do Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID, e do Catar, para pagar uma dívida com o Fundo Monetário Internacional que vencia naquele mês. O dinheiro entrou de um lado e saiu pelo outro, mas foi importantíssimo.
"Caso a Argentina desse um calote no FMI, isso isolaria ainda mais o país no mercado de capitais. As consequências seriam catastróficas, com um aumento ainda mais forte da inflação e dos juros, afetando a vida dos argentinos", diz Pablo Besmedrisnik, diretor da VDC Consultora, em Buenos Aires.
Mesmo evitando um caos antes das eleições primárias, em agosto, o governo peronista não impediu uma tragédia nas urnas. O candidato libertário Javier Milei foi o grande vencedor, com 30% dos votos. A força que ficou em segundo lugar foi a atual oposição, com 28%. O peronismo amargou um terceiro lugar, com 27%.
Como o FMI tem sido demonizado pelos peronistas, o pagamento da dívida em agosto foi um "não assunto" pelo governo. "Alberto Fernández se afastou de toda a comunicação do governo. O monopólio dessa área hoje está com Sergio Massa, e ele não tem dado declarações sobre o assunto", diz Cristian Solmoirago, diretor do instituto de pesquisas Solmoirago.
Após as primárias, o peronismo segue se beneficiando do empréstimo da CAF por ter evitado o calote argentino com o FMI, o que permitiu a continuidade de várias políticas.
“Depois de conseguir dar continuidade à rolagem da dívida com o FMI em agosto, o governo argentino manteve uma política de gastos expansionista em ano eleitoral, gerando desgaste na relação com o fundo”, diz Marina Pera, analista de risco político da Control Risks. "Isso permitiu que o ministro da Economia e candidato presidencial, Sergio Massa, anunciasse uma isenção de imposto de renda para quem ganha até quinze salários mínimos. Entre outras medidas estão bônus adicionais para os trabalhadores do mercado informal, trabalhadores dos setores público e privado e para aposentados, além do reforço no programa social para alimentação de famílias de baixa renda e a extensão do programa de congelamento de preços para produtos de primeira necessidade. Todas essas foram formas de evitar que eleitores peronistas migrassem para o candidato Javier Milei, à frente nas pesquisas."
O governo peronista de Alberto Fernández, dessa forma, adiou um ajuste forte nos gastos públicos para novembro, quando está marcado o segundo turno presidencial. Até lá, as negociações com o FMI seguirão intensas, com o governo tentando de todas as formas postergar novamente o ajuste.
O empréstimo dado à Argentina, com ajuda do Brasil, permitiu portanto que o governo argentino evitasse uma catástrofe nas urnas nas primárias e seguisse gastando às vésperas das eleições do final do ano. Dessa maneira, o governo brasileiro influenciou a campanha argentina, desprezando por completo as premissas diplomáticas de não interferência em assuntos de outros países e o conceito de autodeterminação dos povos, constantemente repetido por este governo.
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Comentários (6)
JCB
2023-10-05 18:24:29PT tomou o poder pela primeira vez, como diz o Dirceu, quando recebeu um milhão de dólares do Kadafi em 2002. Lembram dessa história? Então não tem como impedir que continue financiando países corruptos como Angola, criando empregos no exterior. Aqui só consegue criar empregos no cabidão do empreguismo oficial.
ANDRÉ MIGUEL FEGYVERES
2023-10-04 19:32:56Peronistas não sabem, mas o resto do mundo sabe, o nazista Perón foi uma desgraça para a Argentina. Corrupção e populismo no Peronismo são também as fracassadas políticas adotadas pelos esquerdistas, petistas, etc. na América Latina. Não dá certo! O que funciona são atitudes corretas, retidão, trabalho, honra e inteligência. Nada de cabides de emprego, compra de apoios, bajulação, nepotismo, proteções, nada disso funciona, este filme estamos cansados de ver e pagar! Fora Lula, Viva a LavaJato!
Manoel Carlos
2023-10-04 16:31:22Todos muito à vontade em torrar o seu, o meu, o nosso suado dinheirinho. Cleptocracia na Veia!
Amaury G Feitosa
2023-10-04 14:18:57O nome disto é crime de lesa pátria ... e isto é só o começo pois o bando
Manoel Antonio Da Fonseca Couto Gomes Pereira
2023-10-04 13:09:00Continuamos a ter, sob os governos do PT, uma política externa que nada tem a ver com os interesses do País, mas apenas com os interesses desse partido. É pena perdermos tempo com bobagens.
MARCOS ANTONIO RAINHO GOMES DA COSTA
2023-10-04 12:35:18E MAIS UM CALOTE FUTURO.