Como ler o Lulômetro
"Acima dos 40% de rejeição, não há candidato plenamente saudável, apenas um corpo que, por hora, se recusa a cair", diz Roberto Reis

O portal O Antagonista e a Real Time Big Data lançaram na segunda, 14, o Lulômetro, para monitorar a popularidade do presidente.
Os dados serão atualizados diariamente e ficarão disponíveis na página principal de O Antagonista.
Nos primeiros dez dias, o Lulômetro indicou uma leve melhora nas respostas de "ótimo" e "bom", o que pode ter relação com a campanha do "nós contra eles" pelo aumento do IOF e com a atuação dos bolsonaristas em defesa das tarifas do presidente americano Donald Trump.
"O tarifaço de Trump ajudou o governo Lula a criar um argumento de defesa. Este governo estava com muita dificuldade para criar uma narrativa que fosse palpável para as pessoas. Agora, este governo tem um inimigo, que dá força para ideia do nós contra eles, do rico contra o pobre, o Brasil contra os Estados Unidos", diz o cientista político Bruno Soller, da Real Time Big Data.
Eleições de 2026
Neste um ano e três meses que nos separam da eleição, o Lulômetro será fundamental para acompanhar as chances de o petista conseguir mais um mandato nas urnas.
Com uma taxa de "ótimo" ou "bom" menor que 40%, o projeto de Lula dificilmente será viabilizado.
"O Lulômetro, essa excelente invenção diária de O Antagonista, trouxe ao Planalto alguns farelos de alívio: a rejeição cedeu ligeiramente, a aprovação ensaiou um discreto avanço. Parece que, depois de um longo inventário de hematomas, Lula voltou a puxar o ar que lhe faltava. Mas é bom não confundir: há um abismo entre simplesmente sobreviver e caminhar com firmeza", diz o consultor político eleitoral Roberto Reis, colunista de Crusoé.
Rejeição em alta
Desde o dia 5 de julho, o Lulômetro apontou que as respostas de "ruim" e "péssimo" caíram de 47% para 43%.
Mesmo assim, Reis não vê nisso como um bom sinal para o presidente.
"Rejeição é sentimento viscoso, desses que grudam na pele e não desgrudam só porque o discurso mudou ou porque o adversário tropeçou. Lula pode contornar crises externas, ajustar o tom ao centro, enquanto a direita se atrapalha, mas quem já consolidou a antipatia dificilmente rasga esse contrato. Não custa lembrar: estamos no terceiro mandato, conquistado num pleito sem projeto claro, sustentado basicamente por um cheque em branco de um eleitor assustado", afirma Reis.
"Quando se abre esse tórax eleitoral, revelado pelo tracking diário, o quadro é quase mórbido: a pulsação sobe, mas o sangue segue turvo. Aprovação estacionada na casa dos 29% não sustenta jornada longa, talvez nem mesmo a próxima esquina. Enquanto isso, a rejeição, fixada acima dos 40%, conserva cicatrizes prontas para reabrir ao menor solavanco. A história política está cheia de epitáfios para casos assim. Analistas de todos os matizes costumam dizer: acima dos 40% de rejeição, não há candidato plenamente saudável, apenas um corpo que, por hora, se recusa a cair", diz.
"Enquanto o 'bom/ótimo' não tiver coragem de atravessar o simbólico teto dos 40% e o 'ruim/péssimo' não recuar para patamares menos tóxicos, Lula seguirá refém do acaso, entre lampejos ocasionais de sorte e o temor constante de um tropeço que pode ser fatal", afirma Reis.
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Comentários (1)
Eduardo
2025-07-16 12:59:47Não achei o Lulometro