Como Bolsonaro e Castillo tentaram corromper as FFAA – e falharam
Embora um esteja ligado à esquerda e o outro à direita, o peruano Pedro Castillo e o brasileiros Jair Bolsonaro têm muito em comum. Ambos são reacionários nos costumes. Ambos são populistas com vocação autoritária. Finalmente, ambos tentaram arregimentar as Forças Armadas de seus respectivos países para um golpe de Estado – e fracassaram. Nesta...
Embora um esteja ligado à esquerda e o outro à direita, o peruano Pedro Castillo e o brasileiros Jair Bolsonaro têm muito em comum.
Ambos são reacionários nos costumes. Ambos são populistas com vocação autoritária. Finalmente, ambos tentaram arregimentar as Forças Armadas de seus respectivos países para um golpe de Estado – e fracassaram.
Nesta quarta-feira, 7, Castillo tentou um "autogolpe". Mandou dissolver o Congresso e proclamou um regime de exceção, ao qual não faltaria sequer um toque de recolher. Mas a jogada não encontrou respaldo entre os militares. Com isso, o parlamento peruano revidou e destituiu Castillo do cargo, com 101 de 130 votos possíveis. Ele agora está preso.
Desde que assumiu, em 2021, Castillo já havia promovido seis mudanças no comando do Exército. A mais recente aconteceu na última sexta-feira, 4, quando ele nomeou para o cargo máximo o general reformado Gustavo Bobbio, que já trabalhava com ele no governo, chefiando a área de inteligência.
Castillo provavelmente imaginou que Bobbio garantiria o apoio da caserna ao seu golpe. Em vez disso, o general renunciou ao cargo na manhã desta quarta. No início da tarde, o Comando Conjunto das Forças Armadas e o comando da Polícia Nacional anunciaram que permaneceriam fiéis à constituição.
Em março de 2021, Bolsonaro também promoveu um rearranjo na cúpula das Forças Armadas, nomeando comandantes alinhados a ele. Isso lhe deu a oportunidade de contar com ajuda do Exército na sua guerrilha contra as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral. Não bastou, no entanto, para fazer com que os militares, como um todo, decidissem virar as costas à legalidade. Bolsonaro sonhou com uma movimentação de tanques e batalhões que prolongasse sua permanência no Palácio do Planalto por tempo indeterminado. Restam-lhe agora 24 dias de mandato.
No começo da década de 1930, o grande escritor italiano Curzio Malaparte publicou um livrinho curto chamado Técnica do Golpe de Estado. Ele havia apoiado o líder fascista Benito Mussolini não sua ascensão ao poder, mas depois se desiludiu.
Olhando à sua volta na Europa, Malaparte chegou à conclusão de que sua época se definia por uma luta "entre os defensores da democracia e do governo parlamentar e os adversários desses princípios". Ele chamou esses adversários de "Catilinas", em referência ao militar que comandou uma conspiração contra a república romana em 63 a.C. Segundo Malaparte, Catilinas poderiam ser de esquerda ou direita – o que os definia era a disposição de atropelar a democracia para chegar ao poder.
Assim como aconteceu na década de 1970, a América Latina está mais uma vez repleta de Catilinas. Mas algo de fundamental parece ter se transformado. Como mostram as histórias de Castillo e Bolsonaro, as Forças Armadas não estão mais vulneráveis ao chamado dos autoritários. Quem disse que não há mudanças que vêm para melhor?
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Comentários (10)
Mariusa
2022-12-08 13:51:51Maravilha!
Wilson
2022-12-08 11:39:51Exceção é a Venezuela onde elas mantém o bandido na presidência,claro porque junto com ele formam uma quadrilha que ignora a situação calamitosa da população
Ana Laura Andrade
2022-12-08 10:51:35Que analisezinha mais chinfrim, sr Graeib. Qualquer asno conseguiria fazer uma melhor, sinceramente. Aliás, qualquer pessoa não-militante, o que claramente não é o caso do senhor. Tão rasa as suas comparações e conclusões que, aparentemente na sua concepção, 9 parágrafos mais curtos que qualquer redação de alunos primários dariam conta. Lamentável que tenham deixado essa matéria ser lançada, mas pelo menos mostra o quão rasos são os argumentos da esquerda.
SILVIO WERSON
2022-12-08 10:34:57Que alívio voltar a ver a Crusoé pacificada ! Com o público pensante de volta e sem bolsominions ou mortadellas alterados dando shows dignos de causar vergonha alheia.
Azuil de Castro Laranjo Junior
2022-12-08 09:50:08Para quem idealiza uma ditadura. A polícia federal prendeu o Capitão Guimarães por suspeita de assassinato (cometeu vários). Egresso dos porões da ditadura militar, dava aulas de tortura "hands on", auxiliado pelos colegas de Agulhas Negras Fredie Perdigão e Brilhante Ustra.
RON18
2022-12-08 07:33:09Estamos diante do resultado escolhido pelo povo, entre a polarização pouco inteligente em que 1/3 dos eleitores queriam a volta do ex-condenado, outro 1/3, em manter o capitão de milícias corrupto, AINDA não condenado. E o restante dos eleitores que se abstiveram ou anularam seus votos, por desacreditarem em BAN-DI.DOS. O golpe aqui só não ocorreu nos últimos 2 anos, pelo MEDO do tiro sair pela culatra, como agora no Peru. A prisão é questão de tempo, mas depois o STF solta, não é Cabral ?
LUIS FERNANDO RAMOS DIAS
2022-12-07 22:26:39Só pelo chapéu, ele já mereceria um impeachment.
Renata
2022-12-07 21:50:58Não acho a comparação cabível. Bolsonaro é um milico frustrado e chegado num autoritarismo, mas nem por sonhos chegou a ir tão longe quanto o peruano, que deu de fato um golpe.
Fredson Santos Rocha
2022-12-07 20:04:30Não vá jovem . . . não vá sem instruções dos profissionais... kkkkkkk
Luis Fernando Carvalho Dos Santos
2022-12-07 19:57:32Uma coisa são os fatos. Outra coisa a narrativa deturpada dos mesmos fatos. Lamentável que ao invés de fazer uma análise com os fatos que levaram à situação atual do Peru, a Crusoé prefira a narrativa. Seus leitores são capazes de separar uma coisa da outra.