Como a Covid-19 esfriou a amizade entre EUA e Arábia Saudita
Em uma disputa de forças com a Rússia, a Arábia Saudita aumentou a produção de petróleo e passou a vender barris com desconto em março e abril deste ano. A atitude saudita, em plena pandemia de coronavírus, culminou com os países exportadores de petróleo concordando em reduzir a produção para tentar controlar os preços. Para os...
Em uma disputa de forças com a Rússia, a Arábia Saudita aumentou a produção de petróleo e passou a vender barris com desconto em março e abril deste ano. A atitude saudita, em plena pandemia de coronavírus, culminou com os países exportadores de petróleo concordando em reduzir a produção para tentar controlar os preços.
Para os americanos, a guerra de preços promovida pelos sauditas teve consequências. Ela ajudou a desestabilizar o mercado, gerando uma oferta muito maior que a demanda. Empresas que extraem gás e petróleo de xisto estão demitindo ou fechando as portas.
O colapso dos produtores americanos gerou desconfiança com a Arábia Saudita, um dos aliados históricos dos Estados Unidos no Oriente Médio. Congressistas publicaram cartas abertas pedindo ao príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman (na foto, com Donald Trump), para encerrar a guerra de preços. Senadores republicanos fizeram lobby junto ao governo americano demandando a retirada de tropas americanas da Arábia Saudita para pressionar o príncipe.
"Será crucial acompanhar a dinâmica do mercado de petróleo nos próximos meses. Se a instabilidade se prolongar por muito tempo, poderemos ver os Estados Unidos reduzindo o escudo de segurança para a Arábia Saudita", diz Cinzia Bianco, do Instituto de Estudos Árabes e Islâmicos da Universidade de Exeter, no Reino Unido.
"Se os Estados Unidos se aproximarem do Catar e da Turquia, rivais estratégicos da Arábia Saudita, isso derrubaria o equilíbrio regional de poder e entraríamos em um território geopolítico totalmente desconhecido."
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