Comitê do Nobel denuncia rede internacional de suporte a Maduro
Presidente do Comitê afirma que Rússia, China, Irã, Cuba e Hezbollah "compartilham tecnologias e sistemas de propaganda"
O presidente do Comitê do Nobel, Jørgen Watne Frydnes, acusou China, Rússia, Irã e o grupo terrorista libanês Hezbollah de darem suporte ao regime de Nicolás Maduro.
A declaração foi feita durante a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz de 2025 à líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, nesta quarta-feira, 10.
Segundo Frydnes, os "regimes autoritários aprendem uns com os outros" e "compartilham tecnologias e sistemas de propaganda".
“Por trás de Maduro estão Cuba, Rússia, Irã, China e Hezbollah, que fornecem armas, sistemas de vigilância e meios de sobrevivência econômica. Eles tornam o regime mais robusto e mais brutal", disse.
O Comitê documentou uma longa lista de abusos e violações dos direitos humanos, incluindo casos de tortura sistemática e a detenção de mais de 200 menores após as eleições de 2024.
Frydnes também pediu que Maduro renuncie e aceite o resultado do pleito de julho de 2024, vencido por Edmundo González Urrutia.
Ausência de María Corina
María Corina não conseguiu chegar a tempo a Oslo para receber o prêmio, sendo representada por sua filha, Ana Corina Sosa.
A opositora, no entanto, deve desembarcar na capital norueguesa ainda nesta quarta, 10.
"Bem, pessoalmente, vou lhe contar o que tivemos que passar e todas as pessoas que arriscaram suas vidas para que eu pudesse chegar a Oslo. E sou muito grata a elas, e isso é uma prova do que esse reconhecimento significa para o povo venezuelano. Quero que você saiba disso. Então, vamos começar, porque preciso embarcar agora. Preciso entrar no avião”, disse a venezuelana em conversa, por telefone, com o presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Jørgen Watne Frydnes.
Durante a cerimônia, Ana Corina Sosa leu o discurso de sua mãe. Eis alguns trechos:
“Edmundo González venceu com 67% dos votos em todos os estados, cidades e municípios. Todas as atas de apuração contavam a mesma história. Em questão de horas, conseguimos digitalizá-las e publicá-las em um site para que o mundo inteiro pudesse vê-las.
A ditadura respondeu com terror. Duas mil e quinhentas pessoas foram sequestradas, desapareceram ou foram torturadas. Suas casas foram marcadas e famílias inteiras foram feitas reféns. Padres, professores, enfermeiras, estudantes: todos perseguidos por terem participado das eleições. Crimes contra a humanidade, documentados pelas Nações Unidas; terrorismo de Estado, usado para sufocar a vontade do povo.
Mais de 220 adolescentes presos após as eleições foram eletrocutados, espancados e sufocados até serem forçados a contar a mentira que o regime precisava espalhar: que eu os havia pago para protestar. Mulheres e adolescentes presos hoje ainda são submetidos à escravidão sexual, forçados a suportar abusos em troca de uma visita familiar, uma refeição ou o simples direito de tomar banho.
Durante esses dezesseis meses na clandestinidade, construímos novas redes de pressão cívica e desobediência disciplinada, preparando-nos para uma transição ordenada para a democracia.
(…) A Venezuela voltará a respirar. Abriremos as portas das prisões e veremos o sol nascer sobre milhares de inocentes que foram injustamente encarcerados, finalmente abraçados por aqueles que nunca deixaram de lutar por eles. Veremos avós sentarem seus netos no colo para contar histórias, não de heróis distantes, mas da coragem de seus próprios pais.
(…) Aos milhões de venezuelanos anônimos que arriscaram seus lares, suas famílias e suas vidas por amor. Aquele mesmo amor do qual nasce a paz, o amor que nos sustentou quando tudo parecia perdido e que hoje nos une e nos guia rumo à liberdade. Esta honra pertence a eles. Este dia pertence a eles. O futuro pertence a eles.”
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