Com mediação dos EUA, Congo e Ruanda assinam acordo de paz
Países travam conflitos há mais de três décadas em região rica em minérios

A República Democrática do Congo (RDC) e Ruanda assinaram um acordo de paz, mediado pelos Estados Unidos, que busca pôr fim a um conflito de 30 anos.
O secretário de Estado, Marco Rubio, celebrou em seu perfil no X o término das batalhas travadas no leste do Congo.
"Hoje, organizei a assinatura ministerial do Acordo de Paz entre a RDC [República Democrática do Congo] e Ruanda, pondo fim a um conflito de 30 anos na região dos Grandes Lagos. Com a forte liderança do presidente Donald Trump e os esforços sustentados do assessor sênior para a África, Massad Boulos, da secretária de Política Externa, Alisson Hooker e o Escritório para Assuntos Africanos, os Estados Unidos uniram ambas as partes para alcançar este acordo histórico, e continuamos comprometidos em apoiar sua plena implementação", escreveu.
Ao lado de Rubio, participaram da cerimônia de assinatura a ministra das Relações Exteriores do Congo, Therese Kayikwamba Wagner, e o ministro das Relações Exteriores de Ruanda, Olivier Nduhungirehe.
“Algumas feridas vão sarar, mas nunca desaparecerão completamente”, disse Wagner.
“Não há dúvida de que o caminho à frente não será fácil, mas, com o apoio contínuo dos Estados Unidos e de outros parceiros, acreditamos que um ponto de virada foi alcançado", afirmou Nduhungirehe.
Guerra histórica
O conflito entre os países teve início após o genocídio de Ruanda, em 1994, quando cerca de 800 mil pessoas foram assassinadas em apenas 100 dias.
Após o assassinato do presidente Juvenal Habymarimana, o grupo étnico hutus iniciou uma campanha de extermínio da minoria tutsis.
Com a vitória da Frente Patriótica Ruandesa (FPR), cerca de 2 milhões de hutus, entre civis e milicianos, fugiram para o leste do Congo.
Esses grupos se reestruturaram em solo congolês, representando uma ameaça para Ruanda.
Nas últimas décadas, surgiram diversos grupos armados no leste do Congo.
O mais proeminente é o grupo rebelde M23 (Movimento 23 de Março), formado por ex-combatentes tutsis.
O governo congolês acusa Ruanda de apoiar o M23 em sua região oriental, que é rica em minerais.
Em janeiro, eles avançaram e tomaram a cidade estratégica de Goma.
Logo depois, conquistaram Bukavu.
Desde a década de 1990, o conflito armado já causou a morte de milhões de pessoas.
Minerais raros
Além da busca pela estabilidade, os Estados Unidos têm interesse direto na região devido à abundância em minerais críticos, entre os quais o cobalto, lítio, ouro e diamantes.
O cobalto, por exemplo, é essencial para a produção de eletrônicos e de baterias de carros elétricos.
Com isso, os EUA buscam reduzir sua dependência da China, que domina o comércio desses minerais.
A Casa Branca também quer evitar a escalada de um outro conflito a nível continental.
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