Charutos e cigarros cubanos são produzidos por presos escravos
ONG Prisoners Defenders entrevistou 53 pessoas sobre as condições de trabalho em sete prisões na ilha comunista

Denúncia da ONG Prisoners Defenders divulgada nesta segunda, 15, aponta que presos e civis em sete cárceres da ilha comunista se dedicam à produção de cigarros e charutos, em condições de trabalho forçado.
A produção é controlada pela estatal Tabacuba (foto).
"Em Quivicán, na penitenciária de Aguacate, também conhecida como Penitenciária de Quivicán, há uma fábrica de charutos Tabacuba dentro dos muros da prisão, cuja produção é destinada à exportação", diz o documento.
Quarenta detentos e dois civis trabalham na fábrica de tabaco da penitenciária de Quivicán.
"Os 40 presos que trabalham na fábrica de tabaco da prisão de Quivicán são levados de suas celas para a fábrica às 6 horas e 30 minutos e retornam às 21 horas ou 22 horas, todos os dias da semana, exceto domingo, quando trabalham até o almoço. Eles não têm descanso diurno e não recebem o tão desejado lanche que os dois trabalhadores civis recebem", afirma a denúncia.
Os presos recebem um salário de 3 mil pesos cubanos, ou 7,32 dólares por mês.
Eles então precisam trocar o valor em dólares no mercado negro para a família poder comprar comida e produtos nas lojas do Exército cubano, da empresa Gaesa, que exigem pagamentos em dólares ou euros.
"Esse salário miserável, se é que se pode chamar assim, não é pago por padrão. Existem metas de produção. Cada preso deve enrolar entre 50 e 130 charutos por dia, dependendo das metas. Charutos produzidos que não passam pelo controle de qualidade para exportação não são contabilizados como 'produzidos', mas a Tabacuba os utiliza para vender no mercado interno", diz a denúncia.
Cada vez que um detento sai da fábrica, os guardas revistam e confiscam até os menores pedaços de folha de tabaco em sua posse.
"Um pequeno pedaço de tabaco deixado no bolso significa ser espancado pelos guardas, insultado, submetido a diversas outras punições disciplinares cruéis, além de perder o 'emprego' e retornar a um regime fechado sob as mais rigorosas condições. A consequência é que não há queixas. Os presos aceitam essas condições miseráveis de escravidão para não permanecerem atrás das grades dia após dia em condições deploráveis", diz a Prisoners Defenders.
Entre os 53 prisioneiros entrevistados pela ONG, cerca de 70% não assinou um contrato de trabalho ou qualquer outro documento.
E 45% sofreram violência física.
"Todas as mulheres, oito das 53 testemunhas, foram vítimas de condições abusivas. Entre os abusos, 87,50% foram forçadas a trabalhar em empregos degradantes e inadequados; 50% sofreram assédio sexual e violência (tanto por parte de policiais quanto de outras detentas); e uma delas foi estuprada. Outra foi até mesmo forçada a trabalhos forçados durante a gravidez."
"Podemos assegurar que Cuba produz uma porcentagem muito alta de sua produção anual de charutos Havana por meio de trabalho forçado em prisões e centros de trabalho correcional, e essa produção inclui todas as marcas mais conhecidas e reverenciadas, como sua marca principal, Cohíba, aquela fumada por Fidel Castro."
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