Carlos Fernando Lima: 'Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade grave'
Bolsonaro é uma mentira que está desmoronando, simples assim! Todas aquelas promessas realizadas em campanha não eram mais que um estelionato. Quando o presidente foi realmente contra a corrupção? Será que foi por ter se revoltado com seu compadre Queiroz e a rachadinha no gabinete de seu filho? Será que foi quando seu filho criou...
Bolsonaro é uma mentira que está desmoronando, simples assim! Todas aquelas promessas realizadas em campanha não eram mais que um estelionato. Quando o presidente foi realmente contra a corrupção? Será que foi por ter se revoltado com seu compadre Queiroz e a rachadinha no gabinete de seu filho? Será que foi quando seu filho criou a rede de assassinos de reputação? Atos dos filhos? O fruto não cai longe do pé! Na verdade, Bolsonaro é o que sempre foi: um oportunista. Não há outra definição melhor.
A campanha presidencial de Bolsonaro foi um completo engodo. Nunca foi nada mais que um militar insubordinado transformado em político profissional, com acanhada formação intelectual, mas pleno de preconceitos e arrogância. Infelizmente, diante de um quadro anêmico de adversários, insuflado por um discurso antipetista e paradoxalmente escolhido por Lula como o adversário ideal de Haddad, chegou ao segundo turno. Muitos tiveram então que fazer uma opção, como dizia Leonel Brizola, entre o diabo e o coisa-ruim. Ganhou o coisa-ruim.
O discurso antipetista, contudo, lhe obrigou a estabelecer dois pilares de credibilidade ao governo, já que não possuía qualquer credibilidade própria. Um deles, a credibilidade econômica, foi o de adotar uma agenda liberal que nunca lhe foi do agrado. Na verdade Bolsonaro, como Lula e Dilma, sonha ainda com o desenvolvimentismo dos governos militares, um estado planificador da economia e presente em setores que considera estratégicos. No entanto, como tudo isso se parecia muito com os planos econômicos dos governos do PT, foi obrigado a engolir a agenda liberal de Guedes.
O outro pilar, o da credibilidade moral, foi construído ao convencer Sergio Moro, então juiz da Lava Jato, a sair de uma longa e digna carreira na magistratura para ser seu ministro da Justiça. Carta branca, apoio a reformas que intensificassem o combate contra a corrupção e um governo limpo foram suas promessas. Nenhuma delas verdadeira.
Agora, um dos pilares de credibilidade desse governo, com a saída do ministro Sergio Moro, desabou! Moro fez a coisa certa. Já devia ter feito há mais tempo, na verdade. O engodo chamado Jair Messias Bolsonaro já tinha se revelado. Talvez Moro nem devesse ter aceito o convite, mas a esperança de poder fazer mais pelo combate à corrupção do que lhe permitia a posição de magistrado o levou a acreditar nas falsas promessas que lhe foram feitas. O que houve foi um grande estelionato cuja maior vítima foi o próprio país.
Não é mais possível emprestar credibilidade moral a esse governo. Certamente há nele pessoas boas que agora devem estar se questionando como se ligaram a uma pessoa tão desqualificada. Vejam os ministros militares com seu sentimento de hierarquia, ordem e interesse público tendo que se desdobrar para dar suporte a um inconsequente. Depois de tantos anos de subordinação fiel à Constituição, os militares veem-se novamente contaminados por erros de um governo que nem sequer é deles realmente.
Moro, enfim, não aguentou. O descaso de Bolsonaro ao não apoiar o projeto anticrime proposto pelo então ministro já tinha sido muito revelador, mas a descoberta dos esquemas de corrupção no gabinete do filho levou Bolsonaro a jogar a máscara de moralidade fora. Dali para frente foi um show de horrores. Apoiou Toffoli na absurda liminar que impedia o compartilhamento de informações do Coaf com o Ministério Público, retirou o Coaf das mãos de Sergio Moro, sancionou as mudanças no Carf em detrimento dos cofres públicos e, agora, tentou vergonhosamente intervir na Polícia Federal.
Esse último ato, se realizado apenas por uma mesquinha afirmação de poder, já teria sido suficiente para Sergio Moro pedir demissão. Afinal, era a quebra da promessa feita. Entretanto a sua verdadeira intenção é muito, mas muito mais grave. Bolsonaro queria colocar na direção-geral da Polícia Federal um alcaguete, alguém que lhe repassasse informações sigilosas sobre inquéritos que tramitam no STF que apuram a disseminação de fake news e apoio a atos anti-democráticos.
Deve ser afirmado em alto e bom tom que, não fosse somente ilícita, essa conduta constitui crime de responsabilidade muito mais grave que as pedaladas de Dilma Rousseff. Nenhum outro caminho restava então a Sergio Moro senão “fazer a coisa certa”. Agora sobra a Bolsonaro equilibrar-se no toma-lá-dá-cá do Centrão, na benevolência de seu arqui-inimigo (em política isso não existe) Rodrigo Maia, e na credibilidade econômica de Paulo Guedes. Equilibra-se agora não para governar, mas para não sofrer impeachment. Triste Brasil, triste para os brasileiros.
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