Cardeal é impedido de viajar pelo regime de Maduro
Líder religioso diz ter sido ameaçado de prisão enquanto tentava viajar para Madri
O cardeal venezuelano Baltazar Porras foi impedido de viajar nesta quarta, 10, para Madri por autoridades do regime chavista.
O Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Caracas partiria do aeroporto de Maiquetía para Bogotá, na Colômbia, onde faria conexão rumo à capital espanhola.
No entanto, ele foi detido no terminal e teve seu passaporte cancelado.
"A experiência mais comum neste último quarto de século é que, com poucas exceções, ao chegar à Imigração, o agente de plantão pega o passaporte e vai verificar "porque o sistema "Não funciona", "Não está na lista"... em duas ocasiões me disseram que eu constava como falecido. De qualquer forma, sempre chego ao aeroporto de bom humor para ver o que encontro", escreveu Baltazar no X.
Segundo o cardeal, meia hora antes do voo ele foi informado de que não poderia embarcar e acabou escoltado para fora do aeroporto.
O líder religioso afirma ter sido ameaçado de prisão quando tentou tirar foto de papéis que foi obrigado a assinar.
"Eles me fizeram assinar alguns papéis afirmando que eu não podia viajar por "descumprimento das normas de viagem". Eu queria tirar uma foto do papel, mas não permitiram, e de forma nada educada. Se eu insistisse em tirar a foto, eles... Eles me ameaçaram de prisão. Segui o soldado e pedi repetidamente que me devolvesse o passaporte. No fim, tudo o que ele me deu foi o cartão de embarque para que eu retirasse minha mala. Ele me acompanhou até a saída de passageiros que chegavam do exterior."
"Perguntei-lhe várias vezes o que eu deveria fazer e para onde poderia ir. Ele respondeu que estavam me esperando lá fora. Assim que passei pela porta de correr, ele se virou e, quando ela se fechou, fiquei sozinha do lado de fora, sem saber para onde ir."
O cardeal viajava acompanhado chanceler do Grão-Priorado da Ordem da Venezuela, José Leonardo Carta Tirado, para participar da cerimônia de investidura do cardeal como Protetor Espiritual da Ordem.
O retorno estava marcado para 21 de dezembro.
Perseguição
O episódio reforça a perseguição da ditadura de Nicolás Maduro contra integrantes da Igreja Católica.
Deter pessoas no aeroporto e cancelar seus passaportes tornou-se uma das estratégias repressivas mais comuns do regime contra aqueles que considera opositores.
Operação sigilosa
A ação contra o cardeal ocorreu no mesmo dia em que a líder da oposição, María Corina Machado, foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz em Oslo.
Para conseguir deixar a Venezuela, María Corina precisou realizar uma operação sigilosa: viajou de barco até a ilha de Curaçao, de onde tomou um voo para a Noruega.
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