BYD, trabalho escravo e STJ
Empresa chinesa vai emprestar 20 veículos elétricos para os ministros do Superior Tribunal de Justiça
A fábrica chinesa de carros elétricos BYD vai emprestar 20 carros para os ministros do Superior Tribunal de Justiça, STJ, de acordo com a coluna de Lauro Jardim, em O Globo.
Os veículos Seal (foto), que custam 300 mil reais cada, ficarão disponíveis por dois anos aos ministros da Corte, sem qualquer custo.
A BYD já emprestou veículos, pelo mesmo sistema de comodato, para a Presidência da República, para o Tribunal de Contas da União e para a Câmara dos Deputados.
Mas o empréstimo dos carros ao STJ é o mais grave de todos, porque pode interferir na imparcialidade dos ministros do Tribunal.
Trabalho escravo
Há boas razões para a BYD ganhar a simpatia dos juízes brasileiros.
Em dezembro do ano passado, uma força-tarefa com 40 servidores públicos encontrou 163 chineses em condições análogas às de escravidão nas obras da BYD em Camaçari, na Bahia.
Eles eram funcionários de uma empresa terceirizada, a Jinjiang.
Mesmo assim, é a empresa contratante — a BYD — que deve garantir as condições dos trabalhadores quando o serviço é realizado em suas dependências.
Os trabalhadores tinham jornadas de dez horas por dia, seis dias por semana, com possibilidade de extensão.
Alguns chegavam a trabalhar de 60 a 70 horas por semana. No Brasil, o limite legal é de 44 horas.
Em um dos alojamentos, 31 trabalhadores dividiam um único vaso sanitário.
Alguns operários tinham de acordar às 4 horas da manhã para enfrentar uma fila no banheiro. Muitos dormiam sem colchões.
No caso de uma eventual acusação pelo Ministério Público, a BYD teria de se defender na Justiça.
Resposta da BYD
Crusoé perguntou à BYD se a empresa acredita que o empréstimo afeta a imparcialidade dos ministros do STJ.
"O STJ abriu para todas as montadoras um chamamento público para cessão, sob o regime de comodato, de 20 veículos elétricos. A BYD participou do processo para ceder os veículos do modelo Seal pelo prazo de 24 meses. A participação da empresa foi realizada com total transparência e dentro das regras vigentes, com o objetivo de promover o uso dos veículos elétricos no país", afirmou a empresa, em nota.
A reportagem enviou a mesma questão ao STJ, mas ainda não recebeu resposta.
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