Brasileiros aprovam a política externa de Lula?
Pesquisa Atlasintel/Bloomberg apresenta dados conflitantes sobre avaliação do desempenho do petista no exterior; alinhamento com Venezuela e Irã incomoda

Divulgada em meio à crise do tarifaço de Donald Trump, pesquisa AtlasIntel/Bloomberg apontou que 60,2% dos brasileiros aprovam a política externa de Lula (foto).
Em novembro de 2023, a proporção era de 49,6%, bem dividido com os 47,3% que desaprovavam. Naquela época, 51% achavam que o petista representava o Brasil no exterior melhor do que Jair Bolsonaro. Agora, são 61,1%.
Isso não quer dizer que os brasileiros aprovam a política externa de Lula, contudo. Outros dados da mesma pesquisa indicam que o petista pode estar sendo beneficiado momentaneamente pela querela criada pelo presidente americano nesse quesito.
Mapa de relações
Questionados sobre de que países o governo brasileiro está mais próximo ou mais distante do que deveria, boa parte dos 2.841 eleitores ouvidos de 11 a 13 de julho indicou que Lula privilegia as nações erradas em sua política externa.
Para 49%, o governo do petista está mais próximo da Venezuela do que deveria. O mesmo se aplica a Irã (46%), Cuba (45%) e Rússia (41%).
A lógica se inverte quando se trata da Argentina, da qual o governo está menos próximo do que deveria para 54% dos consultados. O mesmo se aplica a Estados Unidos (48%), Ucrânia (41%), Alemanha (46%) e Reino Unido (48%).
Em seu terceiro mandato, Lula se posicionou de forma errada nos três maiores conflitos, o que pôs em xeque o discurso em nome da democracia que o petista faz internamente, contra Bolsonaro.

Brics
Como destacou Crusoé, o anúncio da tarifa adicional de 50% para produtos brasileiros foi feito na esteira da cúpula do Brics, bloco liderado por China e Rússia que se apresenta com alternativa aos Estados Unidos.
A reunião ocorreu no Rio de Janeiro, sob organização do governo Lula, e o presidente brasileiro fez um desafio extra aos americanos, ao repetir seu discurso contra o dólar como moeda de referência para o comércio internacional.
Trump protestou publicamente contra o grupo, mas não mencionou diretamente o Brics na carta que dirigiu a Lula para informar sobre a tarifa adicional.
O republicano citou um déficit comercial inexistente, o que chamou de "caça às bruxas" contra Jair Bolsonaro e "ordens de censura" contra plataformas de rede social dos Estados Unidos.
Alinhamento
A pesquisa AtlasIntel/Bloomberg divulgada nesta terça aponta que 38,1% acreditam que o Brasil deveria se alinha politicamente com o Brics, como defende o governo Lula. Essa proporção já foi maior, de 44,2%, em maio.
Outros 31,1% defenderam o alinhamento com os Estados Unidos, menos que os 36,9% que o faziam em maio. Para 12,9%, o alinhamento deveria ocorrer com a China, bem mais do que os 4% que pensavam assim há dois meses.
Apenas 8,3% optaram pela aproximação com a União Europeia, mas esse número também cresceu, pois era de 3% em maio.
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