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Bolívia: golpe de Estado, autogolpe ou encenação ridícula?

26.06.24 19:31

O general Juan José Zuñiga, então comandante do Exército da Bolívia, enviou tropas para o centro de La Paz e foi até a porta da sede do Executivo, o Palácio Quemado, nesta quarta, 26.

Lá, ficou frente a frente com o presidente Luis Arce Catacora (foto). Os dois conversaram e — surpresa — nada aconteceu.

Catacora deu um pito no general, não foi preso e seguiu dando ordens, tanto que substituiu seus ministros militares. Zuñiga, por sua vez, deixou o lugar com seus homens e blindados camuflados.

A patacoada levantou uma dúvida importante: se a ideia era dar um golpe de Estado, por que Zuñiga desistiu no meio do caminho e não seguiu adiante com o seu intento?

O que vimos hoje na Bolívia foi um episódio embaraçoso que mostra a decadência do governo liderado pelo Movimento ao Socialismo, MAS, que pretendeu fazer um show midiático com um suposto autogolpe, com características ridículas“, diz o cientista político boliviano Santiago Terceros, que vive em Santa Cruz de la Sierra.

Um golpe de Estado implica a tomada de poder, nesse caso, por parte do Exército. Mas nunca na história se viu o presidente que está para ser derrotado conversar na porta do palácio presidencial com aquele que pretende derrubá-lo“, diz Terceros.

 

O que vai acontecer depois na Bolívia?

Independentemente das diferentes interpretações sobre o evento, o presidente Luis Arce Catacora deverá se aproveitar politicamente das cenas que foram filmadas.

Catacora certamente se fará de vítima. Provavelmente, isso resultará em um endurecimento das posições do governo atual, que não sabe como resolver a situação econômica do país e só se preocupa com a eleição, faltando mais de um ano para a mudança de governo“, diz Terceros.

Nesta quarta, a Central Obrera Boliviana, conhecida tropa de choque de Evo Morales anunciou uma “greve geral indefinida” em apoio ao presidente Catacora.

Outras situações nebulosas de supostos golpes de Estado foram utilizadas recentemente por governantes para calar a oposição e fortalecer o poder central.

Isso ocorreu na Venezuela de Hugo Chávez, em 2002, e na Turquia de Recep Tayp Erdogan, em 2016.

 

Pode ser mais ridículo?

O ditador de Cuba, Miguel Díaz-Canel, prontamente felicitou o fracasso da suposta tentativa de golpe de Estado.

Saudamos a retirada das tropas golpistas da Praça Murillo em La Paz. Outro golpe militar na Bolívia seria uma nova afronta à América Latina da paz“, escreveu no X o ditador Miguel Díaz-Canel, que envia soldados cubanos para lutar na Ucrânia.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, também se manifestou. “Chega de golpes de Estado, de genocídios e de massacres contra os povos da América Latina“, disse o ditador, em Caracas. “A América Latina tem que cuidar da sua democracia.”

Sem mais novidades, Cuba e Venezuela seguem como as duas ditaduras militares da América Latina.

 

Leia na Crusoé: General boliviano admite encenação a mando do presidente

 

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  1. Isso mostra o "grau de civilidade" que as autoridades bolivianas atingiram : golpista e derrotado batem papo em frente ao. Palácio para conversar sobre o golpe. Rsrsrsr

  2. Teatro ridículo e cínico similar ao "górpi" que o bando PeTralha já ditador do país encenou aqui para destruir os adversários, até quando a América LATRINA será vítima desta escória esquerdopata da idade da pedra lascada? hasta siempre ...

  3. Comentar o quê? Seria cômico não fosse trágico já está tão batido que nem UOL nem a FSP utilizam mais...

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