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Biden perde sua única qualidade como candidato

28.06.24 10:41

Quando Joe Biden (foto) obteve a indicação dentro do Partido Democrata em 2020 para enfrentar Donald Trump nas urnas, ele era apenas ex-senador e ex-vice-presidente de Barack Obama. Sua vitória na disputa interna, porém, não se deu por nenhuma característica pessoal, capaz de contagiar os eleitores da agremiação.

Biden não era capaz de fazer discursos enérgicos e empolgantes, como Barack Obama. Não tinha charme pessoal. Não exercia o fascínio provocado por Bill Clinton. Tampouco trazia alguma pauta ou bandeira de grande apelo, ligada ao seu histórico pessoal. Era, somente, um homem com longa carreira em Washington, conhecido pela sua habilidade de negociar e muito bem visto pelos poderosos do Partido Democrata.

Os democratas preferiram Biden em 2020 porque, nas pesquisas, era ele quem mostrava ter condições de derrotar Donald Trump. Com a vitória democrata nas urnas, sua escolha se mostrou uma decisão acertada.

Este ano, quando Biden e Trump se enfrentam nas urnas novamente, o democrata não aparenta mais ter a capacidade de vencer Trump. E essa era a sua única qualidade.

Outros nomes do Partido Democrata que poderiam se apresentar para a eleição de novembro foram gradualmente descartados, por vários motivos.

Primeiro, porque os demais políticos democratas que pensavam na Casa Branca não tinham projeção nacional.

A única pessoa no partido com fama no país todo é a atual vice, Kamala Harris. Mas ela tem se saído pior que Biden nas pesquisas de intenção de voto.

No atual governo, Kamala ficou encarregada de cuidar da imigração e da fronteira com o México, mas é justamente essa uma das questões que mais tem pesado contra a atual administração.

Mais da metade dos americanos, 51%, a desaprovam. A aprovação dela é de 38%.

Dentro do Partido Democrata, também pesou o receio de ser denunciado como traidor. Alguém que desafiasse Biden nas primárias do partido poderia, no caso de uma derrota democrata nas eleições gerais de novembro, ser criticado por ter enfraquecido o presidente em exercício quando ele tinha condições de se sair vencedor.

Acontece que Biden já não tem a sua única carta na manga. Suas chances de vencer Trump são baixas.

Uma previsão do site FiveThirtyEight mostra que o republicano tem uma chance de 66% de ganhar o pleito.

O debate desta quinta, 27, também pode ter consequências drásticas para Biden.

O presidente estava com a voz fraca, rouca e teve vários momentos de incoerência ou de perda do raciocínio.

 

 

Uma pesquisa divulgada recentemente pela rede CBS e pelo instituto YouGov mostrou que apenas 35% dos eleitores registrados dizem que Biden tem saúde mental e cognitiva boas o suficiente para ser presidente.

Em contraste, 50% acreditava que Trump estava mentalmente apto para o cargo.

A aprovação de Biden no governo ainda está baixa, em 38%, segundo o Gallup. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os três presidentes que tentaram a reeleição com menos de 40% de aprovação perderam nas urnas: Jimmy Carter, George Bush (pai) e Donald Trump.

E Biden perde em cinco dos seis estados-pêndulo, aqueles que decidem as eleições nos Estados Unidos por oscilarem entre um partido e outro.

Biden perdeu sua principal qualidade. E não há ninguém para colocar no lugar.

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