Bebianno vai deixar o governo, dizem aliados

Aliados próximos do ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência da República, confirmaram na noite desta sexta-feira, 15, a Crusoé que ele deixará o cargo.

A decisão, segundo eles, foi tomada em comum “acordo” com o presidente Jair Bolsonaro. A exoneração deve ser formalizada na próxima segunda-feira, 18, dizem os aliados.

Bebianno virou personagem central de uma crise no governo após ter sido acusado por Carlos Bolsonaro, filho do presidente, de mentir.

O ministro havia declarado à imprensa que falou três vezes com Jair Bolsonaro na terça-feira. Bebianno tinha acabado de ser apontado, em reportagem da Folha de S.Paulo, como responsável pelo repasse de recursos do PSL a uma candidata laranja.

Carlos Bolsonaro, então, postou nas redes sociais que o ministro mentira ao dizer que falou sobre o assunto com o presidente, que ainda estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Depois, o filho de Bolsonaro postou um áudio do pai que atestaria a “mentira”.

Em um sinal claro de que Bebianno estava sendo fritado no governo, o próprio presidente da República republicou os posts dos filhos em seu perfil oficial.

Na madrugada de quinta-feira, 14, o Diário de Crusoé informou que Bebianno, sentindo-se escanteado, estava praticamente decidido a pedir demissão. “Dignidade não tem preço”, disse ele a interlocutores.

Ante o agravamento da crise, militares que integram o governo e aliados de Bebianno iniciaram um movimento para que ele seguisse no cargo. A preocupação era que o Planalto ficasse fragilizado a partir da constatação de que uma confusão gerada pelo filho de Bolsonaro seria suficiente para provocar a queda de um dos ministros mais próximos do presidente.

Em entrevista a Crusoé ainda na quinta-feira, o próprio Bebianno afirmou que Bolsonaro estava preocupado com a possibilidade de ser atingido pelas denúncias de repasse de dinheiro do PSL a candidaturas laranjas.

O ministro afirmou que, diferentemente do que dissera Carlos Bolsonaro, falou várias vezes com o presidente na terça-feira. Ele admitiu que tinha como provar que conversou com Bolsonaro. Perguntado por que não divulgava o teor das conversas, ele respondeu: “Porque ele (Carlos) não é nada no governo. Eu sou um ministro". “Não sou moleque, e o presidente sabe”, afirmou.

Nesta sexta-feira, auxiliares do Palácio do Planalto chegaram a dizer que o ministro permaneceria no cargo. Nos bastidores, porém, a situação seguia tensa. Há rumores de que a demissão teria sido definida depois de Bolsonaro saber que Bebianno havia compartilhado com terceiros os tais áudios que desmentiam o desmentido de Carlos Bolsonaro.

O advogado Gustavo Bebianno tornou-se um dos aliados mais próximos de Jair Bolsonaro durante a pré-campanha presidencial e, depois, na própria campanha que o levou ao Planalto.