Avião detido na Argentina com iranianos reacende medo do terrorismo
A Argentina é o país da América Latina que mais foi castigado pelo terrorismo. Criminosos ligados ao Irã e ao grupo libanês Hezbollah mataram 114 pessoas ao explodir, em Buenos Aires, a Embaixada de Israel, em 1992, e o prédio da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994. Apesar do triste passado, o país tem...
A Argentina é o país da América Latina que mais foi castigado pelo terrorismo. Criminosos ligados ao Irã e ao grupo libanês Hezbollah mataram 114 pessoas ao explodir, em Buenos Aires, a Embaixada de Israel, em 1992, e o prédio da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994. Apesar do triste passado, o país tem sido fraco e até conivente com a ameaça terrorista iraniana.
Na segunda, 6 de junho, um Boeing 747 da companhia venezuelana Emtrasur (foto) pousou no aeroporto de Ezeiza, perto de Buenos Aires. Ao solicitar informações da tripulação, as autoridades estranharam que o número de pessoas a bordo era o dobro do esperado em um voo de carga. Eles, então, tiveram seus passaportes recolhidos, sob a alegação de que a razão que apresentaram para entrar no país era diferente do motivo real.
Outras suspeitas se acumularam com o tempo. Na primeira lista de tripulantes entregue para a Imigração, havia sete iranianos a bordo e 11 venezuelanos. Uma segunda lista, disponibilizada mais tarde, trazia um número diferente: cinco iranianos e 14 venezuelanos.
Além disso, os tripulantes alegaram que estariam levando peças de automóveis para a Argentina, mas nenhuma empresa se prontificou a recebê-las. A Volkswagen local afirmou em um comunicado não ter qualquer relação com o voo.
"As discrepâncias entre a primeira e a segunda lista da tripulação dão a entender que o problema não é o que foi transportado, mas quem estava na na aeronave", diz o analista argentino Andrei Serbin Pont, da consultoria Cries, em Buenos Aires.
Qualquer empresa, aliás, teria problemas em baixar cargas desse avião da Emtrasur. Até janeiro deste ano, a aeronave pertencia à empresa iraniana Mahan Air. No final de 2019, o Departamento do Tesouro americano aplicou sanções a essa companhia por transportar armas a grupos terroristas na Síria e no Iêmen, que são apoiados pela Guarda Revolucionária do Irã. O avião foi vendido para uma empresa venezuelana, mas seu seguro continua sendo fornecido por uma firma iraniana.
Alguns dos tripulantes iranianos, como o piloto Gholamreza Ghasemi, têm relações com a Guarda Revolucionária Iraniana, que treina e financia grupos armados em outros países.
No domingo, 12, a Amia e outra organização judaica, a Daia, pediram uma investigação exaustiva e detalhada sobre o incidente. "Vale lembrar que alguns dos acusados iranianos, que na realidade são funcionários do governo daquele país, têm pedidos de captura internacional e circularam recentemente por países que os recebem e protegem, burlando a exigência das Justiças locais e da Interpol", diz o comunicado das duas entidades.
O caso do avião volta a chamar a atenção para as relações dúbias entre os governos peronistas e os iranianos. Quando foi presidente, entre 2007 e 2015, Cristina Kirchner fez um "memorando de entendimento" com os aiatolás para que os acusados pelo atentado terrorista na Amia fossem julgados no Irã, o que seria uma garantia de impunidade. Sob intensos protestos, o acordo não seguiu adiante. Por causa dessa tentativa de acordo, Cristina foi acusada de traição à pátria por encobrir terroristas iranianos e teve sua prisão decretada em 2017. No ano passado, o caso foi arquivado.
Uma das principais questões do momento é saber qual será a reação das autoridades argentinas neste caso, uma vez que Cristina ocupa o cargo de vice-presidente e preside o Senado. "Nos primeiros dias, o que se viu foi inação, o que reflete tanto a incompetência quanto a cumplicidade das autoridades", diz Serbin Pont.
Enquanto isso, o Boeing 747 não sai do chão em Ezeiza. Isso porque a estatal argentina YPF e a Shell se recusam a abastecer o avião, com medo de serem punidas pelos americanos mais tarde. Haverá bastante tempo, portanto, para que os governantes argentinos mostrem de que lado estão na luta contra o terrorismo.
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Comentários (9)
VITOR
2022-06-15 16:26:25A esquerda sempre se entendeu bem com terroristas islâmicos. Aliás, por uma estranha e "enigmática" razão, o Islamismo parece ser a única religião que goza de simpatia pela esquerda. Estou brincando, é claro - sei perfeitamente qual é esta razão: são aliados contra os EUA e contra todo o mundo capitalista ocidental. Mas que é uma aliança esquizóide, é.
Branda
2022-06-14 11:38:12Não podem deixá-los entrar. São células cancerígenas que logo podem entrar em metástase, espalhando-se pela América do Sul.
ALTINO RAMOS COSTA
2022-06-14 10:39:05Vejam quem são os amigos deste governo argentino daqui a pouco estarão pousando livremente no brasil
Elcio Morais de Oliveira
2022-06-13 19:13:59Pobre Argentina.
CELSO VEIGA DE OLIVEIRA
2022-06-13 18:23:47Hezbollah, STF,STJ, Congresso , hum ,interessante esses homens bombas bem pertinho quem sabe.
Gabriela Alvarez
2022-06-13 16:48:24Interessante a participação da Venezuela nesse assunto, justamente na mesma semana que o Maduro está visitando seus amigos iranianos.
Joao
2022-06-13 15:46:04A América do Sul recebeu muitos nazistas criminosos de guerra, principalmente Argentina, Brasil e Chile. Essa da Cristina querer livrar terroristas do Irã que assassinaram judeus argentinos é de lascar.
Teresinha
2022-06-13 15:22:41Triste sina da América Latina!
Amaury G Feitosa
2022-06-13 13:05:43É o que faltava aos argentinos.