"Assaltos a supermercados e pessoas reclusas", diz brasileiro no Equador
Assolado por um pico de violência nesta segunda semana de janeiro, o Equador abriga 3,5 mil brasileiros, segundo levantamento mais recente do Itamaraty. O escritor e professor de língua portuguesa Julio Urrutiaga Almada (foto) é um deles. Em entrevista a Crusoé, Almada, que está no país há 10 anos, relatou o clima de caos na...
Assolado por um pico de violência nesta segunda semana de janeiro, o Equador abriga 3,5 mil brasileiros, segundo levantamento mais recente do Itamaraty.
O escritor e professor de língua portuguesa Julio Urrutiaga Almada (foto) é um deles.
Em entrevista a Crusoé, Almada, que está no país há 10 anos, relatou o clima de caos na capital, Quito.
Todo o território nacional está, desde segunda, 8, em "estado de exceção" e, desde terça, 9, de "conflito armado interno" também.
Essas medidas envolvem, respectivamente, toque de recolher das 23h às 5h e autorização ao Exército para atuar na Segurança Pública e fazer buscas em residências.
Almada também contou o avanço da criminalidade no epicentro da onda de violência, a cidade Guayaquil, onde morou entre 2018 e 2021.
Como está a situação em Quito?
Segundo o brasileiro, as ruas de Quito nesta quarta-feira, 10 de janeiro, estão vazias.
"Hoje [quarta], eu sai para os lugares onde eu costumo ir e realmente não vi muitas pessoas nas ruas. Os ônibus estão vazios também, tem menos carros", disse.
"Então, não sei até que ponto isso via permanecer dessa maneira. A impressão é que as pessoas estão reclusas", acrescentou.
O que aconteceu em Quito na terça?
Com a invasão de 13 criminosos a uma rede de televisão de Guayaquil e, na sequência, o decreto de "conflito armado interno", a terça, 9, foi um dia chave no atual pico de violência no Equador.
Apesar de não presenciar tantas cenas de homicídios e sequestros, como ocorre em Guayaquil, Quito tem sido palco de arrastões e alta em delitos comuns.
"Conhecidos presenciaram assaltos em grandes supermercados e dentro de ônibus", disse Almada
"Isso não era comum no Equador e tudo aconteceu na terça, 9. As pessoas se assustaram muito", acrescentou.
Segundo o brasileiro, o pavor generalizado gerou outros problemas urbanos.
"Depois que decretou o estado de conflito interno, as pessoas se desesperaram com o toque de recolher e aconteceram acidentes de trânsito", afirmou.
Quão relevante foi a invasão à rede de televisão?
Almada acredita que a invasão à rede de televisão de Guayaquil foi um episódio inédito na história da violência no Equador.
"Agora, o caos está mais generalizado, até pode ser pela invasão à rede de televisão", disse o brasileiro.
"Isso foi televisionado ao vivo. O país inteiro viu isso, o que provocou uma comoção e caos imediato. Esse tipo de caos não tinha ocorrido em outros estados de exceção", acrescentou.
Como Guayaquil virou epicentro da violência?
Almada morou em Guayaquil entre 2018 e 2021, quando começou o avanço da violência sobre a maior cidade do Equador e sobre o país como um todo.
"Guayaquil sempre foi uma cidade mais violenta, mas se sentiu um agravamento a partir de 2020 e 2021", disse o brasileiro.
Para ele, o a virada decisiva foi quando o governo perdeu o controle sobre a Segurança Pública, em especial sobre os presídios.
Leia também: Como surgiu a batalha de gangues por trás da violência no Equador
O brasileiro afirma não ter sido atingido diretamente pela violência quando morava em Guayaquil, mas a percebia.
"A violência não me afetava diretamente, mas havia ocorrências de violência, principalmente nos bolsões de pobreza, como favelas", disse.
"Então, começou a ocorrer também em outras áreas da cidade", acrescentou.
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Comentários (1)
Marcia Elizabeth Brunetti
2024-01-11 10:56:02Essa é a América Latrina!