Adriano Machado/CrusoéAlckmin: se ele for para o PSB, o vice pode ser um petista

As ligações telefônicas que traçam o rastro da propina a Alckmin

23.07.20 17:30

Capítulos da denúncia contra o ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, são dedicados apenas a um rastro deixado pelas ligações telefônicas entre investigados que corrobora a narrativa dos delatores sobre os supostos repasses irregulares de 11,3 milhões de reais a campanhas do tucano. Na lista de documentos, estão as gravações de conversas entre doleiros e um emissário da propina e também registros de diálogos em datas que batem com planilhas e outros documentos apresentados pelos delatores.

Um dos intermediários das transferências a Alckmin é Sebastião Eduardo Alves de Castro, do governo tucano, que foi gravado acertando, no dia 10 de julho de 2014, a entrega de um milhão de reais, em sua casa, no bairro do Brooklin, em São Paulo. “Aguardo na porta”, disse ao funcionário do doleiro Álvaro Novis. No mesmo dia, a quebra de sigilo telefônico flagrou Sebastião recebendo uma ligação de 60 segundos de Marcos Monteiro, ex-secretário e então tesoureiro de campanha de Alckmin, também denunciado pela Promotoria.

Ligações como essa, entre Monteiro e Sebastião, aconteceram 44 vezes naquele período eleitoral, próximas de datas que constam, também, em conversas de Skype entre funcionários da Transnacional, transportadora contratada pelo doleiro Álvaro Novis para fazer as entregas de dinheiro.

De acordo com os promotores constam ainda “diversas chamadas para o mesmo período entre Marcos Monteiro e interlocutores de telefones registrados em nome do PSDB, além de comitês financeiros da campanha do PSDB em 2014, bem como diversas chamadas de Marcos Antonio Monteiro com a Casa Civil, a Secretaria de Governo e a Casa Militar do Gabinete do Governador, todos relativos ao Governador do Estado de São Paulo, que na e poca era Geraldo Alckmin”.

Os registros das Estações Rádio Base, estruturas espalhadas pelas cidades para fazer a conexão de ligações telefônicas, também foram importantes para traçar a negociação da propina entre Marcos Monteiro e agentes da Odebrecht. Segundo a denúncia, nas tratativas, em 2014, o delator Luiz Antônio Bueno Júnior e Marcos Monteiro se encontraram em um restaurante no bairro de Moema, na Zona Sul de São Paulo, e no Centro Empresarial, localizado na Avenida Faria Lima, na Zona Oeste. O cruzamento das localizações de Monteiro e do delator da empreiteira, a partir de suas ligações telefônicas, mostra ambos nas regiões desses pontos de encontro, nas mesmas datas, em horários próximos.

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