Arte da negociação de Trump funciona com o México
Presidente Claudia Sheinbaum enviará soldados para a fronteira. Em troca, tarifas serão suspensas por um mês
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (foto), conseguiu arrancar da presidente do México, Claudia Sheinbaum, o que ele queria.
Em uma publicação na rede Truth Social nesta segunda, 3, o republicano escreveu que suspenderá por um mês a imposição de tarifas de 25% a produtos mexicanos, uma vez que Claudia aceitou colocar soldados na fronteira entre os dois países.
"Acabei de falar com a presidente Claudia Sheinbaum do México. Foi uma conversa muito amigável, na qual ela concordou em fornecer imediatamente 10 mil soldados mexicanos na fronteira que separa o México dos Estados Unidos. Esses soldados serão designados especificamente para interromper o fluxo de fentanil e migrantes ilegais para o nosso país", escreveu Trump.
"Também concordamos em suspender imediatamente as tarifas previstas por um período de um mês, durante o qual teremos negociações lideradas pelo secretário de Estado Marco Rubio, pelo secretário do Tesouro Scott Bessent e pelo secretário de Comércio Howard Lutnick, e representantes de alto nível do México. Estou ansioso para participar dessas negociações, com a presidente Sheinbaum, enquanto tentamos alcançar um 'acordo' entre nossos dois países", afirmou Trump.
Tarifaço
Em sua campanha, Trump prometeu que iria aumentar as tarifas de importação de produtos mexicanos, caso o país vizinho não se esforçasse em coibir a migração ilegal pela fronteira e o tráfico de drogas.
Trump tomou posse em 20 de janeiro.
No sábado, 1, o presidente americano assinou um decreto cumprindo sua promessa.
México e Canadá passariam a pagar tarifas de importação de 25%.
A China, por sua vez, arcaria com taxas de 10%.
Reações
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, reagiu e anunciou na noite de sábado a imposição de tarifas de 25% a produtos americanos.
O governo chinês disse que iria contestar as tarifas de Trump na Organização Mundial do Comércio, OMC.
A presidente mexicana Claudia Sheinbaum preferiu ser conciliadora nas redes sociais e costurar um acordo nos bastidores.
"Devemos trabalhar juntos"
No sábado, 1, Claudia Sheinbaum respondeu ao decreto de Trump nas redes sociais com a seguinte mensagem:
"O México não quer confronto. Preferimos a colaboração entre países vizinhos. O México não só não quer que o fentanil chegue aos Estados Unidos, mas a nenhum outro lugar. Portanto, se os Estados Unidos querem combater os grupos criminosos que traficam drogas e geram violência, devemos trabalhar juntos de forma integrada, mas sempre sob os princípios da responsabilidade compartilhada, da confiança mútua, da colaboração e, acima de tudo, do respeito à soberania, que é não é negociável. Coordenação sim; subordinação, não. Para isso, proponho ao presidente Trump que estabeleçamos um grupo de trabalho com nossas melhores equipes de saúde pública e segurança", escreveu Claudia.
Dois dias depois, nesta segunda, 3, a presidente mexicana anunciou o acordo provisório.
"Tivemos uma boa conversa com o presidente Trump com grande respeito pelo nosso relacionamento e soberania. Chegamos a uma série de acordos. O México reforçará imediatamente a fronteira norte com 10 mil membros da Guarda Nacional para impedir o tráfico de drogas do México para os Estados Unidos, particularmente o fentanil. Os Estados Unidos estão comprometidos em trabalhar para impedir o tráfico de armas de alta potência para o México. Nossas equipes começarão a trabalhar hoje em duas frentes: segurança e comércio. As tarifas de importação serão suspensas por um mês", escreveu Claudia.
Ainda que a suspensão das tarifas não seja definitiva, Trump já conseguiu o que queria.
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