Arábia Saudita registra recorde de execuções em 2025, diz ONG
Relatório aponta que 69% das mortes estiveram relacionadas a crimes ligados ao tráfico de drogas
A Arábia Saudita registrou, em 2025, o maior número de execuções já documentado pela Organização Europeia-Saudita para os Direitos Humanos (ESOHR, na sigla em inglês).
Ao todo, 347 pessoas foram executadas, duas a mais do que o ano anterior.
A ONG, que opera no exílio, afirmou que 69% delas estiveram relacionadas a crimes ligados ao tráfico de drogas.
"Um aumento sem precedentes nas execuções relacionadas à cannabis", diz trecho do relatório.
Nos últimos anos, o governo saudita ampliou sua luta contra o narcotráfico no país.
A alta demanda interna, o elevado poder aquisitivo do mercado e sua localização geográfica estratégica transformaram o país em um destino fundamental para as redes internacionais de tráfico de drogas.
Em 2018, o príncipe-herdeiro e primeiro-ministro Mohammed bin Salman Al Saud, prometeu reduzir o número de execuções.
Pena máxima
A legislação saudita prevê a pena de morte como punição máxima para o tráfico de drogas.
A norma considera traficantes tanto aqueles que introduzem entorpecentes no país quanto os receptadores.
"Para traficantes primários, a pena é prisão, açoites ou multa, ou todas as anteriores. Para reincidentes, a pena é agravada e o indivíduo envolvido pode ser condenado à morte."
A punição foi retomada em novembro de 2022, após suspensão de quase três anos.
Segundo a ONG, esse novo recorde “não apenas reflete o colapso do discurso sobre a reforma dos direitos humanos, mas também confirma a persistência do uso da pena de morte como punição, que muitas vezes afeta os grupos mais vulneráveis, em contradição fundamental com as declarações e os compromissos assumidos nos últimos anos”.
Vision 2030
Bin Salman tem aberto o país de olho na redução da dependência do petróleo até 2030.
O governo saudita flexibilizou uma série de costumes, algo impensável no passado para um dos países mais rígidos do mundo islâmico.
Em 2018, as mulheres foram autorizadas a dirigir.
Hoje, podem viajar ao exterior sem a autorização do tutor.
Além disso, podem registrar divórcio e nascimento de filhos.
A polícia religiosa, a "mutawa", parou de patrulhar as roupas e comportamentos dos sauditas.
Apesar dessas mudanças, o país mantém forte controle sobre a imprensa, persegue opositores e prende críticos do regime.
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