À União Europeia, Argentina promete diálogo 'profundo' do Mercosul sobre meio ambiente
Prestes a assumir a presidência do Mercosul, a Argentina participou nesta segunda-feira, 14, de uma coletiva de imprensa de ministros de relações exteriores da União Europeia, da América Latina e do Caribe. O ministro argentino, Felipe Solá (foto), prometeu aos europeus que o bloco sul-americano irá "conversar profundamente" sobre as preocupações com o meio ambiente...

Prestes a assumir a presidência do Mercosul, a Argentina participou nesta segunda-feira, 14, de uma coletiva de imprensa de ministros de relações exteriores da União Europeia, da América Latina e do Caribe. O ministro argentino, Felipe Solá (foto), prometeu aos europeus que o bloco sul-americano irá "conversar profundamente" sobre as preocupações com o meio ambiente levantadas por diversos países europeus que têm atrasado a aprovação do acordo de livre-comércio com a UE.
“Vamos conversar profundamente entre os quatro países sobre a questão do meio ambiente", assegurou Solá. "Não se inclui, nem foi mencionado até agora um sistema de sanções. Sim, entendemos que existe uma preocupação na Europa, que é válida, – e a acolhemos como própria também – sobre a questão ambiental e estamos dispostos a conversar sobre esse tema e ver a que acordo podemos chegar", acrescentou, sem mencionar o Brasil.
Em sua fala, o chanceler argentino sugeriu que medidas adicionais de proteção ao meio ambiente podem ser vinculadas a negociações internacionais, indo além do Acordo de Paris. O tratado entre União Europeia e Mercosul prevê somente o cumprimento das metas do acordo climático. “Acordos comerciais e de dívidas podem ser ligados de uma forma comprometida ao cumprimento de medidas ambientais, além do Acordo de Paris e dos nossos compromissos há uma maior quantidade de ações que se podem levar adiante. A Argentina está de acordo com isso e irá apoiar isso em todos os foros onde seja necessário", disse Solá, que aproveitou para alfinetar indiretamente os governos de Jair Bolsonaro e Mauricio Macri.
"Nós dissemos desde antes da pandemia que o setor privado argentino nunca foi consultado sobre esse acordo, sem colocar a culpa sobre um ou outro governo, e que foi um pouco apressada a assinatura, sem estudos de impacto sobre diferentes setores. Ele apresenta riscos, mas também apresenta uma alternativa de longo prazo que a Argentina deve se animar a tomar. Enviaremos o acordo ao parlamento não para lavarmos as mãos, mas sim para discutir de verdade, e trabalhar para que seja aprovado, caso cheguemos a essa situação”, criticou.
No entanto, o alto representante da União Europeia, Josep Borrell, descartou a reabertura das negociações. "Aos que têm legítimas preocupações ambientais, deve-se colocar sobre a mesa elementos que contribuam para resolver essa preocupação. O tratado já diz muito, dentre outras coisas, a necessidade de cumprir com o Acordo de Paris, mas se existem preocupações adicionais, teremos que enfrentá-las e resolvê-las mediante declarações adicionais. Não se trata, é claro, de reabrir a negociação, mas sim de assegurar sua ratificação”, sublinhou o ministro europeu.
A Argentina toma posse da presidência pro-tempore do Mercosul nesta terça-feira, 15, quando os presidentes dos quatro países que integram o bloco – Argentina Brasil, Paraguai e Uruguai – se reunirão de forma virtual.
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Comentários (4)
charles
2020-12-15 09:42:10Brasil deve se retirar o quanto antes do Mercosul.
Sonia Martha
2020-12-14 23:36:47Evidentemente, o peso da proteção ambiental recairá sobre o Brasil. Tomara que o presidente não mele o jogo!
Sillvia2
2020-12-14 18:17:12E o Brasil, que liderou o processo resultante no acordo MERCOSUL E UNIÃO EUROPEIA, por causa de sua conduta negacionista e irresponsável, está ausente dessas tratativas como o mais relapso e pouco inteligente dos alunos da classe...
Peter
2020-12-14 18:15:47Muito bom. Tomara que seja levado a cabo.