A CPMI do INSS e a solução Mendonça Filho
Presidente da Câmara deu sinais claros de que o PSB não deve comandar o colegiado já que a investigação já tem um presidente governista

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), deu nos últimos dias indicações de que pretende escolher um parlamentar do União Brasil ou do PP para ser o relator da CPMI do INSS. E uma solução que começa a ser construída é no entorno do deputado Mendonça Filho (União-PE).
Motta afirmou a lideranças parlamentares que gostaria de ver na relatoria da CPMI um nome de centro: nem governista, nem oposicionista. Com esse movimento, Motta pretende arrefecer o ímpeto do Planalto, que pretendia emplacar um parlamentar alinhado ao governo federal para o posto e, de quebra, se reaproximar do União Brasil e fazer acenos aos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Há aproximadamente duas semanas, a base governista tenta convencer Motta a destinar a vaga para Tabata Amaral (SP). A própria deputada buscou uma aproximação com integrantes do Senado de olho neste posto.
No entanto, como a base do governo já escolheu o senador Omar Aziz (PSD-AM) para a presidência da CPMI, Motta vem argumentando que precisa de um nome neutro para que a investigação tenha um ponto de equilíbrio.
Segundo parlamentares ouvidos por este portal, Motta também quer atenuar um desconforto ocorrido entre ele e integrantes do União Brasil após ele ter sido eleito presidente da Casa. O União foi um dos últimos partidos a declarar apoio a Motta. Como consequência, o atual presidente da Câmara demorou a acatar as indicações do União para cargos estratégicos na Casa, algo que não ocorreu com outras siglas, como o PSD.
A destinação da relatoria da CPMI ao União pode ajudar Motta a acabar com esse desconforto.
Por fim, Motta pretende também usar a relatoria da CPMI para fazer novos acenos à bancada bolsonarista na Casa. Há uma pressão para que os aliados do ex-presidente da República acatem uma versão mais branda do Projeto de Lei de anistia aos réus dos atos de 8 de janeiro. E a escolha de um parlamentar de centro, conforme aliados de Motta, pode ajudar nesse processo de convencimento.
O União Brasil tem dois nomes apontados como eventuais relatores: os deputados Alfredo Gaspar (AL) e Mendonça Filho (PE). Gaspar é elogiado pelos bolsonaristas, já que ele foi relator do projeto de resolução que suspendeu – temporariamente - ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Delegado Ramagem (PL-RJ). O projeto foi sustado pelo próprio STF.
Para evitar desconforto entre os petistas, uma solução em construção seria a indicação de Mendonça Filho. Filho hoje é relator da PEC da Segurança Pública na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ).
Por fora, corre o nome do deputado federal Evair de Mello (PP-ES). Considerado um bolsonarista radical, Evair poderia ser indicado em nome da federação União Progressista. É o nome que mais agrada aos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, justamente pelos seus embates contra o Palácio do Planalto. No entanto, Mello - pelo seu estilo estridente - é visto por Motta como a opção mais heterodoxa.
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