A seca de votos que levou Alberto Fernández a desistir da reeleição
O presidente da Argentina, Alberto Fernández (foto), desistiu nesta sexta, 21, de tentar a reeleição nas presidenciais marcadas para outubro. Foi a primeira vez na história do país que um presidente habilitado para tentar mais um mandato prefere não fazê-lo. Em um esticado e repetitivo vídeo de oito minutos publicado nas redes sociais, Fernández explicou...
O presidente da Argentina, Alberto Fernández (foto), desistiu nesta sexta, 21, de tentar a reeleição nas presidenciais marcadas para outubro. Foi a primeira vez na história do país que um presidente habilitado para tentar mais um mandato prefere não fazê-lo.
Em um esticado e repetitivo vídeo de oito minutos publicado nas redes sociais, Fernández explicou sua decisão. Ele fala de uma seca que "acendeu o alerta vermelho e nos obriga a redesenhar todos os nossos objetivos". Como "militante peronista" e presidente do Partido Justicialista, promete se dedicar ao "movimento", e ajudar a escolher os melhores homens e mulheres para representar seus filiados.
O que Fernández não admite é que seu capital eleitoral que secou. Em uma pesquisa espontânea feita em fevereiro pelo instituto Zubán Córdoba, apenas 9% dos argentinos declaravam que iriam votar em Fernández este ano. Seu nome só aparece na lista em quarto lugar, atrás de Javier Milei, Horacio Larreta e Sergio Massa.
Fernández tem poucos votos porque é rejeitado por 75% dos argentinos. Além disso, entre os peronistas que ele diz representar, muitos passaram a rejeitá-lo depois de alguns desentendimentos com a sua vice-presidente, Cristina Kirchner.
É uma situação muito distinta da que existia há quatro anos. Em 2019, Alberto, que já estava afastado da política, voltou para os holofotes quando Cristina o convidou para ser o candidato a presidente em uma chapa em que ela seria a vice. Nos meses seguintes, Alberto, que tem um perfil mais conciliador e já tinha passado por vários setores do peronismo, conseguiu reunir todas as suas correntes, as quais foram suficientes para que a dupla saísse vitoriosa na eleição de 2019.
Hoje, isso não seria mais possível. O peronismo está dividido e, mesmo que ele conseguisse reunir todos os grupos, a soma deles não seria suficiente para ganhar a eleição. Em algumas pesquisas, o peronismo aparece como a terceira maior força, atrás da coalizão opositora Juntos por el Cambio e dos libertários de Javier Milei.
"Em um jogo eleitoral com três atores, o oficialismo entendeu que precisa ter um candidato unificado que reúna a maior parte dos seus membros, e isso é algo que Alberto Fernández não representa", diz o cientista político argentino Julio Burdman.
Há duas semanas, o presidente publicou nas redes sociais uma foto dando aulas na Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires (foto), onde já era professor antes de voltar para a política. Talvez já esteja pensando no que fará a partir do ano que vem.
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Comentários (2)
Renata
2023-04-23 14:47:43Passa um tempo e os peronistas voltam…
Luciano
2023-04-23 14:36:57Reconhecimento do estrago que fez para os irmanos, seria bom os nossos políticos se espelharem nele