A dinâmica da provocação russa contra a França
O Ministro das Forças Armadas da França, Sébastien Lecornu, tornou público um incidente com a Rússia que qualificou como estando "abaixo do limiar" do conflito

O Ministro das Forças Armadas, Sébastien Lecornu, tornou público na noite de terça-feira, 4 de março, um incidente com a Rússia que qualificou como estando "abaixo do limiar" do conflito.
No domingo, 2 de março, um caça russo Su-35 fez várias passagens agressivas perto de um drone francês Reaper voando sobre o Mediterrâneo em espaço aéreo internacional.
Esse comportamento revela "um claro desejo de destruir a aeronave", disse o estado-maior do exército francês. "Isso nunca aconteceu antes." Considerando a doutrina ocidental que consiste em nunca arriscar uma escalada, o drone teve que deixar sua zona de manobra.
Segundo o chefe militar francês, o avião russo "fortemente armado" escolheu atacar uma aeronave não tripulada para evitar qualquer risco de perdas.
Ao fazer várias passagens, ele deliberadamente tentou derrubar o drone, como já havia acontecido no Mar Negro contra um drone americano em março de 2023. O avião russo então lançou querosene em seu rastro.
Testando limites
A análise do incidente sugere que a Rússia está testando os limites da paciência ocidental. A França, junto com outros países da Otan, tem intensificado sua presença militar no flanco oriental em resposta às ameaças russas.
Na região do Mediterrâneo, as missões francesas focam na proteção de interesses próximos ao Oriente Médio.
Os confrontos entre a França e a Rússia não são novidade. Em janeiro deste ano, um avião de patrulha francês ATL2 foi alvo de um sistema de defesa antiaérea russo.
Esses tipos de incidentes têm sido frequentes nos últimos três anos, levando a Otan a monitorar e catalogar esses episódios como parte de suas operações.
A dinâmica de provocação russa
A dinâmica de provocação russa parece estar orientada por uma estratégia mais ampla para dividir as alianças ocidentais.
Com ações agressivas não apenas contra a França mas também contra o Reino Unido e a Alemanha, Moscou busca testar a resiliência dos países membros da OTAN.
Em outubro de 2022, por exemplo, um Su-27 russo disparou um míssil próximo a um avião britânico.
Com a escalada das tensões desde o início do conflito na Ucrânia, as manobras da Rússia têm sido interpretadas como uma tentativa deliberada de intimidar seus adversários ocidentais.
A demonstração de força nas operações aéreas é uma forma de Moscou afirmar sua presença nos espaços internacionais e contestar a liberdade de navegação.
Além disso, a Rússia tem intensificado suas atividades em outros cenários globais, incluindo a África, onde busca reduzir a influência militar francesa no Sahel.
O Kremlin também está expandindo suas operações em países como Costa do Marfim e Benin.
Guerra cibernética
As autoridades francesas estão reavaliando suas estratégias de influência e buscando otimizar suas operações frente à crescente ameaça russa no campo da informação e cibernética.
Segundo relatórios recentes da agência Viginum, as campanhas de desinformação direcionadas à França têm aumentado substancialmente desde declarações recentes do presidente francês sobre possíveis intervenções militares na Ucrânia.
O espaço cibernético tornou-se um campo de batalha contínuo onde as táticas de desinformação são amplamente empregadas por adversários russos.
Com uma abordagem voltada para a massificação das ofensivas cibernéticas, Moscou procura manter sua presença ativa e provocar respostas ocidentais.
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Comentários (1)
Amaury G Feitosa
2025-03-06 10:31:13Os russos não precisam hostilizar países europeus para enfraquecer a OTAN o Trump lhes faz este sujo serviço com rara eficiência, para que? is the question ...