A indústria brasileira e o tratamento especial na OMC
Na nota conjunta divulgada após o encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e o americano Donald Trump (foto), afirma-se que o Brasil "começará a abrir mão do tratamento especial e diferenciado nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), em linha com a proposta dos Estados Unidos". Para Diego Bonomo, gerente-executivo de assuntos internacionais da...
Na nota conjunta divulgada após o encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e o americano Donald Trump (foto), afirma-se que o Brasil "começará a abrir mão do tratamento especial e diferenciado nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), em linha com a proposta dos Estados Unidos".
Para Diego Bonomo, gerente-executivo de assuntos internacionais da Confederação Nacional da Indústria, o efeito prático e imediato da medida é nulo. "O Brasil não mudará os acordos já feitos, apenas disse que deixará de fazer uso de exceções no futuro", diz Bonomo.
Segundo ele, essas exceções, como o relaxamento de compromissos ou a extensão de prazos para adaptação de normais, muitas vezes vão contra o interesse da indústria nacional. Em 2013, países em desenvolvimento pediram mais prazo para reduzir as burocracias alfandegárias. "A postergação disso só iria contra aquilo que as empresas brasileiras querem", diz ele.
De acordo com Bonomo, faz sentido o Brasil se posicionar contra o uso dessas exceções por outras nações, que também se autodeclaram como países em desenvolvimento. Isso porque China e Índia muitas vezes fazem uso dessas exceções para escamotear práticas condenáveis e que acabam sendo nocivas ao Brasil.
Um exemplo é o açúcar da Índia. O governo do país subsidia a produção em 10% do valor em nome da segurança alimentar. O excedente da produção vai para o mercado internacional, o que acaba derrubando os preços e prejudicando os produtores brasileiros. "Em um cenário assim, faz mais sentido colocar luz nessas práticas de capitalismo de estado e se alinhar com os americanos", diz.
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Comentários (10)
Cirval
2019-03-21 14:54:02É evidente que as medidas não atingem acordos já efetuados, mas e os futuros, alguém já fez alguma avaliação. Ninguém é contra a aproximação com os EUA, mas a aproximação com Trump é outra coisa. Por enquanto ele é presidente mas e quando não for? O Brasil não está se aproximando dos EUA e sim de uma ideologia que não é eterna. Pode não passar do governo atual. Esses tipos de acordos têm que ser, primeiramente, avaliados, e parece que esse está sendo feito no vai da valsa. É o futuro que importa
Roberto
2019-03-21 10:03:43Para mim o importante é que este governo faça mudanças e pare de se vitimizar, Se quer crescer tem que se adaptar as regras.
Jose
2019-03-21 08:44:04O que os proto-capitalistas brasileiros querem? Três coisas só: se livrar das regulamentações ambientais e trabalhistas, pagar menos ou nenhum imposto, e aumentar o máximo os subsídios que recebem. Estes são os três principais objetivos de todos os setores. Pata eles, evolução é larmarckiana, baseada no uso e desuso, e não darwiniana.
Nuruara
2019-03-21 08:39:47Foi a notícia mais importante da viagem e deveria ter sido corretamente explicada para todos, ou seja, o que é quanto o Brasil ganhará com a medida. Romper com a vitimização é muito importante e pouco se disse. Toda a ênfase ficou para a fofoca de salão.
Rodrigo
2019-03-21 01:06:44Interessante notícia em meio a tanta bobagem que ouvimos nos últimos dias. Destaque especial ao sr MA Villa que vociferou uma extensão de non-sense pra entrar pra história.
JOSHUA
2019-03-20 22:31:25MINHA TESE: A Lei da Seleção Natural (de Darwin), em que as espécies e seus indivíduos melhor adaptados e mais fortes conseguem sobreviver e transmitir seus gens, aplica-se também à sociedade humana em seus aspectos sócio-econômico-políticos. Os indivíduos e nações melhor adaptados são os que conseguem sobreviver e triunfar. O restante perece ou se torna insignificante. Vencer requer grande esforço de adaptação aos novos tempos.
JOSHUA
2019-03-20 22:12:55Existem sim distorções na OMC, todavia o Brasil abrir mão rapidamente de tais salvaguardas seria por demais arriscado. A própria Ministra da Agricultura acaba de dizer que a matéria requer exame cuidadoso e prolongado, além disso a mudança deverá ser lenta. Estar na OCDE requer preparo prévio e saber que é um mecanismo de economia liberal. Os mais fortes econômica e tecnologicamente levam maiores vantagens em seus acordos comerciais. Creio que o Brasil ainda não está preparado para tal.
João
2019-03-20 22:02:01Matéria esclarecedora.E assim que deve ser.
Guilherme
2019-03-20 21:46:43Gostei da matéria. Inicialmente tinha me posicionado diferente.
TANIA
2019-03-20 21:42:38Gostei do texto e do seu argumento.