Médicos sem FronteirasHospital no campos de refugiados de El Fasher, no Sudão. Unidades de atendimento vem sendo destruídas por ataques paramilitares

A grande catástrofe humanitária se avizinha, desta vez no Sudão

17.06.24 09:19

Mais de 750 mil sudaneses devem sofrer de uma “catastrófica” falta de alimentos nos próximos três meses, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) — com outros 54% da população do país, ou 25 milhões de pessoas, sob risco “crítico” de fome. Os dados foram revelados pela Reuters.

O pais, localizado no leste africano, sofre com mais uma guerra civil, a segunda em menos de 20 anos. Após a queda do ditador Omar al-Bashir em 2019, um conselho de transição envolvendo militares e membros de milícias do país levou o país por dois anos a um caminho de redemocratização. Em 2021, um golpe de estado transformou o país novamente em uma junta. Desde o ano passado, as forças paramilitares ligadas a estas milícias passaram a atacar o exército do país, destruindo a infraestrutura da capital, Cartum.

O conflito é também um palco alternativo para outro conflito. Isso porque a Ucrânia apoia o governo sudanês ao lado do Egito, enquanto a Rússia teria enviado homens do grupo Wagner, seu aparato mercenário, para combater e dar auxílio às forças rebeldes. 

Com 14 meses de conflito, o exército sudanês ainda controla a maior parte do território do país, mas cidades importantes estão sob o domínio de diversas forças rebeldes, que ainda contam com o apoio do exército líbio e estariam usando drones do Irã e dos Emirados Árabes Unidos.

Mais recentemente, os conflitos destruíram hospitais e postos de atendimento em El-Fasher, cidade que concentra mais de 800 mil refugiados desta guerra, de um conflito na região (que foi classificado como “Genocídio de Darfur”) e mesmo da guerra civil anterior, encerrada há 19 anos.

Sem acordo dos dois lados da guerra civil para autorizar o transporte humanitário de alimentos, a ONU projeta que o Sudão —que se encaminhava para ser uma potência agrícola pós-redemocratização —sofrerá uma das piores crises de fome em tempos recentes.

Em locais onde a falta de alimentos é mais severa, como Al-Fashir, a morte por fome já chega a duas pessoas por 10 mil habitantes diariamente, de acordo com dados da ONU e de agências humanitárias no local. Em outros 31 pontos do país, o risco é semelhante.

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