A estrutura que falta na teoria do racismo estrutural
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, escreveu o livro Racismo Estrutural. O conceito traz a ideia de que a discriminação de raça não é conjuntural, mas se perpetua como sendo parte do funcionamento normal da vida cotidiana e é disseminado pelas estruturas da sociedade. Para as autoras do livro O que não...
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, escreveu o livro Racismo Estrutural. O conceito traz a ideia de que a discriminação de raça não é conjuntural, mas se perpetua como sendo parte do funcionamento normal da vida cotidiana e é disseminado pelas estruturas da sociedade.
Para as autoras do livro O que não te contaram sobre o movimento antirracista, Patrícia Silva, pós-doutoranda em sociologia pela Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ) e Geisiane Freitas, mestre em sociologia e comentarista política, a teoria de Almeida não para de pé.
"Pode parecer um pouco de preciosismo, porque quando a gente escreve um livro, temos que deixar bem claro para o leitor sobre aquilo que estamos dizendo. Ele [Silvio Almeida] abre o livro, dizendo que aquela obra se tratava de uma teoria social. Para ser uma teoria social ele tinha que anunciar as categorias e explicar o que ele estava chamando de estrutura, mas ele não fez isso. Isso é um problema técnico da obra", explicou Patrícia Silva.
Patrícia e Geisiane foram entrevistadas no programa Crusoé Entrevistas. Elas foram duramente repreendidas por outros membros do movimento negro após não concordar com as ideias do atual ministro. "O debate público passou a assumir que racismo estrutural é sinônimo de racismo e não é. Mas racismo estrutural é uma teoria e racismo é uma coisa que existe em todas as sociedades", disse Patrícia. Para elas, é plenamente possível ser negro, condenar o racismo e não acreditar na teoria do racismo estrutural.
Para Geisiane, a realidade brasileira refuta a teoria do ministro. "A teoria social de racismo estrutural do ministro Silvio Almeida tem como objetivo superar essa teoria do racismo institucional. Mas a pergunta que fica... ora, como superar uma teoria que tem um conceito, que a do racismo institucional, com uma teoria do racismo estrutural, que nem sequer tem uma definição conceitual? Não faz sentido, não é possível isso", diz Geisiane.
Assista à conversa com Patrícia Silva e Geisiane Freitas no Crusoé Entrevistas, aqui:
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