A estreia de Teich em coletivas
Em sua estreia nas entrevistas coletivas sobre as ações de combate ao novo coronavírus, o ministro da Saúde, Nelson Teich (na foto, à direita), demonstrou pouca familiaridade com as câmeras. Apesar das sessões prévias de media training, Teich não demonstrou o mesmo jogo de cintura apresentado pelo antecessor, Luiz Henrique Mandetta. Se Mandetta, com seu traquejo de...
Em sua estreia nas entrevistas coletivas sobre as ações de combate ao novo coronavírus, o ministro da Saúde, Nelson Teich (na foto, à direita), demonstrou pouca familiaridade com as câmeras. Apesar das sessões prévias de media training, Teich não demonstrou o mesmo jogo de cintura apresentado pelo antecessor, Luiz Henrique Mandetta. Se Mandetta, com seu traquejo de político, deitava e rolava ao responder às perguntas da imprensa, Teich, ao estilo peixe fora d'água, ainda exibe pouca confiança.
Em um dado momento da entrevista, o excesso de sobriedade -- natural, em se tratando de uma estreia -- o ministro deixou transparecer que ainda falta convicção ao governo sobre os resultados do fim da quarentena. "Quando você conhece pouco alguma coisa, realmente não consegue prever o que acontecerá. Então tem que ser rápido o bastante para fazer um diagnóstico e tomar uma atitude. Então uma das coisas que teremos dentro dessa diretriz é: se acontecer isso aqui, recua", disse, confirmando uma posição que Crusoé, em sua última edição semanal, havia antecipado que ele adotaria.
Ao mesmo tempo que lhe falta jeito para lidar com os holofotes, sobra alinhamento com o discurso de Jair Bolsonaro. O novo ministro parece já estar familiarizado com o presidente. Atendendo à urgência imposta pelo Planalto para a retomada das atividades econômicas no país, o oncologista anunciou que, na próxima semana, entrega um plano para orientar os estados e municípios a flexibilizar o isolamento social.
Para validar o "plano Bolsonaro", Teich afirmou que, como a vacina para a Covid-19 ainda levará tempo para ser disponibilizada, seria “impossível um país sobreviver um ano e meio parado”. O discurso, certamente, soou como música para os ouvidos do chefe. Mas a flauta do ministro não parou por aí. "O Brasil é hoje um dos países que melhor performam em relação à Covid", disse.
Ao ressaltar que o país registra 45.757 casos confirmados da doença, Teich afirmou que, mesmo se esse número estiver subestimado e for 100 vezes maior, somente 2% da população estariam acometidos pela doença -- o que seria, em sua visão, um feito. "É preciso olhar para além da Covid-19. Estaríamos falando de 4 milhões de pessoas infectadas. Somos 212 milhões. Ou seja, fora da Covid-19, há 208 milhões de pessoas que continuam com seus problemas”, pontuou Teich.
Indagado, na sequência, se o Sistema Único de Saúde teria estrutura para atender uma eventual explosão de casos provocada pela flexibilização da quarentena, o ministro não deu uma resposta concreta. “Primeiro que não acredito que vai acontecer tudo ao mesmo tempo. Segundo que nossa função é fazer isso dar certo”, disse. Aos olhos do chefe, não poderia ter se saído melhor.
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