Biden pode fortalecer Cuba economicamente, diz historiador
Com a promessa de reverter políticas do republicano Donald Trump, o presidente eleito dos EUA, Joe Biden (foto), poderá fortalecer economicamente a ditadura de Cuba. Se o regime ganhar fôlego financeiro, isso adiará as reformas necessárias e elevará a chance de novas intervenções cubanas na América Latina. A opinião é do historiador cubano Boris González...
Com a promessa de reverter políticas do republicano Donald Trump, o presidente eleito dos EUA, Joe Biden (foto), poderá fortalecer economicamente a ditadura de Cuba. Se o regime ganhar fôlego financeiro, isso adiará as reformas necessárias e elevará a chance de novas intervenções cubanas na América Latina. A opinião é do historiador cubano Boris González Arenas, que conversou com Crusoé pelo telefone, a partir de Havana.
Qual impacto a eleição de Joe Biden poderá ter em Cuba?
Provavelmente, Biden vai suavizar algumas políticas republicanas. Sanções devem ser abrandadas. Voos podem ser retomados. Remessas de dinheiro para os habitantes da ilha serão facilitadas. Nos Estados Unidos, há um lobby forte dentro do Partido Democrata que pede o relaxamento das tensões com o governo cubano para permitir investimentos econômicos. Eles veem como algo positivo que Cuba tenha uma mão de obra totalmente submissa, sem direito a greve, e com baixos salários.
Que consequência política isso poderia ter dentro da ilha?
Uma das consequências mais importantes será o fortalecimento dos setores mais radicais do castrismo. Foi isso o que aconteceu quando Barack Obama retomou as relações diplomáticas. Essa aproximação revigorou os comunistas mais extremistas, incluindo os militares donos de empresas ligadas ao turismo. Como eles ficaram esperançosos de ganhar dinheiro com os turistas e com as remessas de dinheiro, acabaram neutralizando as reformas que tinham sido iniciadas por Raúl Castro. Desta vez, esses comunistas radicais deverão ser novamente fortalecidos, o que impedirá que o presidente Miguel Díaz-Canel tenha a independência necessária para promover mudanças.
Que reformas Raúl Castro estava promovendo e que acabaram sendo descartadas?
Assim que chegou ao poder, Raúl Castro começou com um discurso reformista a favor da produção local, com o objetivo de melhorar as condições de vida dos cubanos. Em parte, era um discurso demagógico, mas também era resultado de uma percepção das necessidades que existiam em 2006. Raúl Castro permitiu que os cubanos viajassem para fora da ilha e voltassem. Também deixou que os cubanos vendessem suas propriedades e carros, e favoreceu o trabalho por conta própria, no setor privado. Quando Barack Obama começou a ajudar o regime, essas medidas começaram a ser revogadas.
Durante o governo de Donald Trump, as violações de direitos humanos nas missões de médicos cubanos no exterior, como o Mais Médicos, passaram a ser denunciadas vigorosamente. Isso vai acabar?
Durante o governo de Barack Obama, as missões médicas de cubanos no exterior foram ampliadas. Os profissionais muitas vezes nem sabiam quanto dinheiro o regime tirava de seus salários. No Brasil, isso foi revelado, mas em outros países o secretismo é total. Eles ficavam sem passaportes e eram vigiados o tempo todo. Com a chegada de Donald Trump, esses crimes ficaram a descoberto. As denúncias da sociedade civil sobre violações de direitos humanos, como tráfico de pessoas e escravidão, começaram a ser atendidas pelos juízes. Acho que essa lição foi aprendida. Biden não retomará todas as medidas que Obama tomou. Mesmo assim, a situação financeira do regime, que atualmente está agonizando, deve melhorar. A recuperação permitirá que a ditadura volte a interferir em outros países da região, como na Bolívia, no Brasil ou na Venezuela.
O que poderia frear uma aproximação maior entre os governos de Estados Unidos e Cuba?
A votação poderosa que teve Donald Trump na Flórida em 2016 e este ano é um indicador de que os cubanos que vivem nos Estados Unidos reprovam a política democrata de favorecer a ditadura da ilha. Qualquer pessoa que se diga a favor da democracia deve rejeitar a ditadura cubana. Trata-se de um grupo de delinquentes, que precisa ser condenado por qualquer um, seja de direita ou de esquerda.
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Comentários (3)
RENZO
2020-11-08 23:53:01Lembrar pro Biden que o BNDES levou o maior calote de Cuba!Cadê nossa grana?Brincadeira aliviar um bando de comunistas que vivem às nossas custas!
Juliana
2020-11-08 17:45:15Concordo. Fortalecer a ditadura cubana é inconcebível. Americanos inconsequentes, não tem ideia de quem elegeram.
Sonia
2020-11-08 15:42:20Esperamos que Biden ouça as vozes de quem vive e viveu em Cuba! Que os ajude de forma que esta ajuda seja diretamente ao povo, e não ao governo ditatorial!