"COP30 é um picadeiro de políticos, ongueiros e multinacionais”, diz ex-secretário
À Crusoé, Eduardo Lunardelli questionou a efetividade dos acordos ambientais e criticou "entrega dos recursos" a estrangeiros
A Conferência das Partes da ONU para o Clima, COP30, realizada em Belém, no Pará, reacendeu o debate sobre a eficácia dos acordos ambientais e o papel das organizações na gestão dos fundos destinados à Amazônia.
Em entrevista à Crusoé, o ex-secretário de Clima e Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente Eduardo Lunardelli afirmou que o debate ambiental tem sido guiado por interesses geopolíticos e ideológicos.
Para Lunardelli, os acordos firmados no evento dificilmente saem do campo teórico.
Há quem critique as ONGs ambientalistas por buscarem fundos internacionais. Na sua visão, este é o momento adequado para que elas recebam esses recursos?
O momento adequado para ONGs ambientalistas receberem recursos é nunca.
Elas operam com o propósito de promover a entrega do nosso país e de seus recursos para estrangeiros, de combater nossas vantagens competitivas, como a produção agropecuária, de inviabilizar a presença de praticamente 20 milhões de brasileiros da Amazônia, de fazerem campanhas políticas para partidos de esquerda e, por fim, de enriquecer um pequeno grupo de pessoas inescrupulosas que ganham fortunas às custas da miséria dos amazônidas, por exemplo.
A COP30 já é extremamente bem sucedida na atendimento desses objetivos. Quer ver um exemplo? Por que resolveram fazer esse evento em Belém que, além de ter índices de saneamento dignos de cidades africanas, claramente não tem condições de recebê-lo? Ora, para reforçar a ideia de que a presença do ser humano na Amazônia deve ser combatida com todas as forças.
Muitos apontam contradição no fato de líderes mundiais viajarem em jatinhos particulares para discutir a redução de emissões. Essa falta de coerência afeta a credibilidade da COP30?
Tudo o que envolve as políticas climáticas já deve estar desacreditado a essa altura do campeonato. Como é possível, por exemplo, alguém acreditar que uma atividade que vive da fotossíntese, ou seja, que vive de retirar carbono da atmosfera e devolver, em troca, oxigênio - como a produção agropecuária - seria a causa de problemas relacionados a excesso de carbono na atmosfera?
Se o carbono é problema, então algo que retira o problema não seria a solução? E mais, como pode o átomo primordial da vida, o carbono - elemento central do estudo da química orgânica, ou seja, da química da vida - ser fraudulentamente chamado de “poluente”? Não há nenhum dogma pregado pela religião climática que se sustente ao mínimo escrutínio; basta observar atentamente.
Os países participantes da COP têm obrigação formal de divulgar metas e resultados de redução de emissões? O que acontece com os que não cumprem?
Nenhum país tem obrigação formal. A propósito, os países ricos jamais cumprem seus compromissos ambientais. A neutralidade de carbono, por exemplo, jamais será cumprida por nenhum país já que, além de completamente inócuo para a regulação do clima, que é feita acima de tudo pelo sol, é completamente inviável financeira e tecnicamente.
Já para os países pobres ou em desenvolvimento, não cumprir significa sofrer retaliação dos ricos, já que, parte dos objetivos das convenções ambientais é justamente o exercício de poder geopolítico por parte dos países desenvolvidos ocidentais.
Sobre o NDC e o TFFF. Como o senhor enxerga essas iniciativas?
O NDC, ou Meta Nacionalmente Determinada para mitigação de gases de efeito estufa, é parte do mecanismo do Acordo de Paris para se atingir a neutralidade de carbono. Como tal neutralidade de carbono jamais existirá, das duas uma: ou os países baixam suas metas, ou jamais irão atingi-las.
Já o TFFF [Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês)] é mais uma iniciativa para promover os objetivos listados na sua primeira pergunta. A boa notícia é que, como as COPs são um picadeiro aonde políticos, ongueiros e multinacionais fazem suas piruetas, 90% do que se promete em COP não sai do papel.
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