A confusão das câmeras de vigilância nas instalações nucleares do Irã
O Irã voltou a participar neste mês das negociações em Viena para retomar o acordo nuclear com as grandes potências. Desde 2018, quando o ex-presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do pacto, as sanções americanas contra o país persa recrudesceram. Na expectativa de que as conversas seriam retomadas algum dia, Teerã avançou em seu...
O Irã voltou a participar neste mês das negociações em Viena para retomar o acordo nuclear com as grandes potências. Desde 2018, quando o ex-presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do pacto, as sanções americanas contra o país persa recrudesceram. Na expectativa de que as conversas seriam retomadas algum dia, Teerã avançou em seu programa e fez ameaças no intuito de ganhar autoridade e, assim, obter concessões maiores de outros governos em tratativas futuras.
Uma das manobras do Irã foi retirar as câmeras de vigilância da instalação nuclear de Karaj, em junho. Esses equipamentos, instalados pela Agência Internacional de Energia Atômica, a AIEA, permitiam que observadores internacionais monitorassem as atividades em 18 instalações do país (na foto, a unidade de Natanz). O governo iraniano afirmou que as câmeras de Karaj tinham sido alvo de sabotagem de Israel, que estaria tendo acesso às imagens. Também se falou que as câmeras tinham sido usadas para deflagrar um ataque de drone israelense. Segundo outros relatos, duas delas teriam sido danificadas pela sabotagem. Uma investigação foi aberta para esclarecer o episódio, mas nenhuma evidência surgiu e tampouco se chegou a uma conclusão.
Na semana passada, a AIEA e o governo iraniano anunciaram um acordo para reinstalar as câmeras em Karaj. Mas isso só será feito, segundo o porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã, após "inspeções técnicas, de segurança e judiciais meticulosas".
O imbróglio das câmeras vem desde o ano passado, quando o Parlamento do Irã, revoltado com as sanções americanas, determinou que as imagens não seriam mais compartilhadas com a AIEA. As câmeras continuariam funcionando, mas as filmagens seriam gravadas em dispositivos de memória e guardadas em segurança. Esse procedimento já estava sendo utilizado no começo do ano, antes portanto da suposta sabotagem israelense.
A confusão é proposital. Com a discussão sobre as câmeras, o Irã criou uma cortina de fumaça sobre o seu programa nuclear, que seguiu progredindo. No último relatório da AIEA, de novembro, o Irã declarou um estoque de 210 quilos de urânio enriquecido a 20% e 15 quilos enriquecido a 60%. Com esse grau de pureza, o urânio não tem mais uso pacífico, como a produção de energia. Para rechear uma bomba, o material precisa ser enriquecido a 90%.
"Esses níveis de enriquecimento são bastante preocupantes, porque há muito pouco trabalho adicional necessário para enriquecer o urânio de 20% até o grau necessário para uma bomba", diz Matt Korda, coordenador do Projeto de Informações Nucleares da Federação dos Cientistas Americanos. "Com esse trabalho, o Irã reduziu o tempo necessário para fazer uma bomba nuclear de aproximadamente um ano para apenas alguns meses."
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Comentários (5)
Fernando Raupp Rosa
2021-12-24 10:44:10Preocupante, com uma ou duas bombas o ínfimo território israelense e sua população vai todo para os ares e o contra-ponto ocidental no oriente medio acaba definitivamente, um risco para o mundo todo.
CARLOS
2021-12-20 18:11:40Reduziram o tempo de seu suicídio coletivo de alguns anos para poucos meses. Se eles atacarem Israel com uma bomba nuclear, não vai sobrar nada do Irã
Odete6
2021-12-20 01:40:44Sejamos realistas, todos esses ignorantes são antes de tudo uns chatos. Um paiseco que passa a existência sem fazer outra coisa que não participar de uma corrida armamentista. É um horror vivermos todas as idades da História da nossa Espécie, simultaneamente, em pleno século XXI.
Maria
2021-12-19 19:43:31MORO PRESIDENTE 2022! 🇧🇷🇧🇷🇧🇷
MARCIO
2021-12-19 19:20:47O Ocidente é escravo de ditaduras, então eles podem fazer o que quiser que os EUA nunca irá levantar a voz