A China está infiltrando espiões em universidades americanas?
Investigação de universitários revela operação de inteligência que usa bolsas, pressão familiar e redes sociais para extrair dados sensíveis

O governo chinês tem conduzido uma operação sistemática de espionagem acadêmica em universidades americanas, com foco especial em Stanford.
A denúncia foi feita por dois estudantes do segundo ano da universidade californiana, Garret Molloy e Elsa Johnson, após investigação publicada no jornal estudantil The Stanford Review e republicada pelo portal The Free Press
A principal descoberta do levantamento, que durou um ano, aponta o uso de métodos de “coleta não tradicional” pelo Ministério da Segurança do Estado da China (MSS).
Captação de dados
Trata-se da mobilização de civis, em especial estudantes, para captar dados sensíveis de laboratórios e centros de pesquisa. As áreas de maior interesse são inteligência artificial, robótica, software e engenharia militar.
Um dos casos descritos é de um agente chinês que se passava por aluno de Stanford para se aproximar de pesquisadoras envolvidas em temas ligados à China.
Ele oferecia viagens e benefícios financeiros, além de tentar transferir a comunicação para o WeChat, aplicativo monitorado pelo Partido Comunista Chinês.
Lei de Inteligência Nacional da China
A legalidade dessa prática se ancora na Lei de Inteligência Nacional da China, de 2017, que obriga qualquer cidadão chinês a colaborar com os serviços secretos, mesmo fora do país.
Segundo fontes ouvidas sob anonimato, muitos alunos agem sob coação, motivados pela manutenção de bolsas ou pelo temor de represálias a familiares.
Estima-se que entre 7% e 18% dos estudantes chineses nos Estados Unidos sejam financiados pelo Conselho de Bolsas da China (CSC).
O órgão impõe obrigações como a entrega periódica de relatórios com detalhes de pesquisas.
Punição financeira
Há registros de acordos que exigem lealdade explícita ao regime e previsão de punições financeiras a familiares em caso de descumprimento.
Em nota enviada aos autores da reportagem, a direção de Stanford declarou “levar a sério os riscos à segurança nacional” e afirmou ter protocolos internos para reportar ameaças. Desde 2010, a universidade recebeu mais de 64 milhões de reais de doadores chineses anônimos.
A denúncia ocorre num contexto de crescente vigilância dos EUA sobre influência estrangeira em centros de excelência acadêmica.
Pressão diplomática
Em 2020, a pesquisadora Chen Song foi indiciada por mentir sobre vínculos com o Exército chinês. As acusações foram retiradas após pressão diplomática de Pequim.
Ex-diretor do FBI, Christopher Wray chamou o roubo de pesquisas americanas por agentes chineses de “uma das maiores transferências de riqueza da história”.
O ex-assessor de segurança nacional Matthew Turpin afirmou que “o Estado chinês usa seus próprios cidadãos como arma para obter tecnologias vetadas por controle de exportações”.
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