Nos contratos dos médicos cubanos, nenhum vestígio de direitos trabalhistas

No processo que quatro médicos cubanos movem contra a Organização Panamericana de Saúde (Opas), nos Estados Unidos, eles descrevem como eram os contratos que faziam com a ditadura cubana.

Segundo o documento, ao qual Crusoé teve acesso, os médicos assinavam um contrato um dia antes de embarcar no avião e não podiam escolher em qual cidade seriam alocados.

Os itens mais elementares de um contrato de trabalho lhes eram omitidos. "Os médicos cubanos não eram informados que os seus salários seriam apenas uma pequena fração do que o Brasil pagaria para a Opas, e que os doutores que não eram cubanos e que faziam as mesmas tarefas receberiam a quantia total. Eles também não eram avisados de que 85% da quantia paga pelo Brasil por seus serviços seria dada para o governo cubano."

Apesar das desvantagens, aceitar a oferta para trabalhar no exterior é algo mandatório para qualquer doutor na ilha. "Os médicos cubanos e outros profissionais de saúde sabem que uma recusa em se juntar a uma missão revolucionária no exterior é considerada pelas autoridades como uma falta de compromisso revolucionário e isso automaticamente marca a pessoa como suspeita e perigosa. Daí em diante, o indivíduo sabe que estará sujeito a sofrer represálias constantes. O estado cubano controla as instituições econômicas e educacionais. Com isso, recusar-se a uma missão 'voluntária' resulta em rebaixamentos (no trabalho), negação de promoções, recusa em contratações e em autorização para trabalhar por conta própria."

Entre os riscos que um médico está sujeito ao negar uma convocação do governo estão "ameaças diretas e indiretas, o uso de força física, a prisão dele e de seus familiares."