Delegado citado em inquérito viajou aos EUA oito dias após 1º turno
Citado em depoimento pelo diretor-executivo da Polícia Federal, Carlos Henrique Sousa, como uma pessoa próxima dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o delegado Márcio Derenne, da superintendência da PF no Rio de Janeiro, viajou em missão oficial aos Estados Unidos oito dias após o primeiro turno das eleições presidenciais de 2018. Despacho publicado no Diário...
Citado em depoimento pelo diretor-executivo da Polícia Federal, Carlos Henrique Sousa, como uma pessoa próxima dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o delegado Márcio Derenne, da superintendência da PF no Rio de Janeiro, viajou em missão oficial aos Estados Unidos oito dias após o primeiro turno das eleições presidenciais de 2018.
Despacho publicado no Diário Oficial da União mostra que o afastamento de Derenne da PF do Rio para participar de uma missão em Nova York se deu no dia 15 de outubro de 2018, com retorno ao Brasil previsto para o dia 12 de janeiro de 2019. O primeiro turno das eleições ocorreu no dia 7 daquele mês.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada no último sábado, 16, o empresário Paulo Marinho afirmou ter ouvido de Flávio Bolsonaro, no dia 13 de dezembro de 2018, que, "uma semana depois do primeiro turno", o então chefe de gabinete do filho do presidente na Assembleia Legislativa do Rio, Miguel Braga, recebeu a ligação de um delegado propondo um encontro na porta da PF no Rio para tratar de um assunto de interesse do então deputado estadual.
Segundo Marinho, neste encontro, o delegado da PF, cujo nome não foi revelado, alertou o senador Flávio Bolsonaro de que a Operação Furna da Onça, que seria deflagrada no dia 8 de novembro, atingiria seu então assessor Fabrício Queiroz, cujo nome já havia aparecido em um relatório do Coaf por causa de movimentações financeiras consideradas atípicas. O informante teria dito ser simpatizante do presidente Bolsonaro e sugerido que eles tomassem providências.
Queiroz foi exonerado do cargo na Alerj no dia 15 de outubro de 2018, mas nem ele nem Flávio Bolsonaro foram alvos da Furna da Onça, operação deflagrada pela PF e pelo Ministério Público Federal contra deputados estaduais envolvidos no esquema de corrupção comandado pelo ex-governador Sergio Cabral. A investigação sobre o suposto "rachid" (devolução de parte do salário dos assessores ao parlamentar) no antigo gabinete de Flávio na Alerj ficou a cargo do Ministério Público Estadual.
A menção ao delegado Márcio Derenne como sendo alguém próximo à família Bolsonaro foi feita pelo atual número 2 da Polícia Federal, Carlos Henrique Sousa, em um segundo depoimento que ele mesmo pediu para fazer no inquérito que investiga a suposta intervenção política do presidente Jair Bolsonaro na corporação, revelada pelo ex-ministro Sergio Moro em abril. Sousa foi chefe da PF no Rio antes de ser nomeado diretor-executivo pelo novo diretor-geral, Rolando Souza.
O depoimento de Carlos Henrique Sousa se deu logo após ser aberta uma nova investigação sobre o suposto vazamento da Operação Furna da Onça, a partir das declarações feitas pelo empresário Paulo Marinho. Ex-aliado da família Bolsonaro, ele é suplente de Flávio Bolsonaro no Senado. Nesta quarta-feira, 20, a partir das 15h a PF do Rio vai tomar o depoimento de Paulo Marinho.
Derenne, que não atuou na Operação Furna da Onça, está atualmente em missão no exterior e teria se aproximado de Flávio Bolsonaro quando foi cedido para atuar na Secretaria da Segurança Pública no governo do Rio. Em 2008, ele recebeu uma homenagem da Assembleia Legislativa do Rio por indicação do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
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