Brasília completa 60 anos sem festa, mas com a reabertura no horizonte
Sexagenária, Brasília celebra seu aniversário nesta terça-feira, 21, de forma atípica. Em meio à crise do novo coronavírus, os quatro dias de festa que embalariam a capital federal deram lugar a uma programação mais modesta devido à política de isolamento social. “Foi uma grande frustração. A gente acabou mergulhado inesperadamente em uma experiência nova”, resume...
Sexagenária, Brasília celebra seu aniversário nesta terça-feira, 21, de forma atípica. Em meio à crise do novo coronavírus, os quatro dias de festa que embalariam a capital federal deram lugar a uma programação mais modesta devido à política de isolamento social. “Foi uma grande frustração. A gente acabou mergulhado inesperadamente em uma experiência nova”, resume o secretário de Cultura, Bartolomeu Rodrigues, o Bartô.
No início do ano, o governador Ibaneis Rocha determinou a criação de um grupo para planejar os festejos do 60ª aniversário da cidade idealizada por Juscelino Kubitschek. Bartô, que presidia o comitê, havia reservado 2,5 milhões de reais economizados no Carnaval para a comemoração. Ele planejava reforçar o orçamento com outros recursos do caixa do governo e com a ajuda da iniciativa privada. Ao todo, estimava gastar 10 milhões de reais com a celebração que não pôde acontecer.
A cifra milionária bancaria uma festança que se estenderia do último sábado, 18, até esta terça-feira, com a participação de artistas conhecidos nacionalmente. Estavam nos planos, por exemplo, a versão atualizada da Legião Urbana, nascida na capital, e shows populares como o dos sertanejos Bruno e Marrone. Para hoje, estava prevista uma noite de gala em frente à Torre de TV, um dos principais pontos turísticos da cidade. Quando tudo ainda não passava de um plano, a maior preocupação era prosaica: havia o temor se choveria ou não durante o espetáculo.
A programação da festa teve de se adequar à realidade imposta por uma doença ainda sem cura ou vacina. É uma situação insólita para a jovem cidade nascida no quase desértico Planalto Central. Com a disseminação da Covid-19, Ibaneis proibiu aglomerações, fechou escolas, restaurantes e bares. Para não deixar a data passar em branco, o jeito foi recorrer à atual febre mundial: as lives. O governo local decidiu apoiar — sem, no entanto, bancar — o Festival Cantando para Brasília, que promoverá apresentações online de artistas candangos. É também nas plataformas digitais que ocorrerá a sétima edição do Brasília International Film Festival, vitrine para o trabalho de cineastas do Brasil e do mundo.
Inicialmente, o projeto do governo era recorrer provisoriamente à programação alternativa para, depois da pandemia, retomar os planos da mega comemoração. Hoje, contudo, essa é uma ideia distante. “O jeito vai ser fazer festa em dobro em 2021”, diz Bartô, a despeito da proposta do governador de flexibilizar a quarentena no Quadradinho (como o DF é carinhosamente chamado pelos locais) a partir de 3 de maio. “Infelizmente, a cultura foi a primeira a ser afetada e deve ser a última liberada”, lamenta o secretário.
Um dos pioneiros na adoção de medidas restritivas, Ibaneis Rocha recuou e se alinhou ao presidente Jair Bolsonaro nas últimas semanas. Ele vem desenhando o formato de retomada gradual das atividades econômicas, que, em princípio, não deve contemplar estabelecimentos culturais, como teatros e cinemas. Entidades do setor produtivo, como a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo e a Federação da Indústria, preparam um planejamento para a volta à rotina.
Nesta segunda-feira, o governador emedebista ainda acenou com a possibilidade de abrir as unidades de escolas cívico-militares, do Colégio do Corpo de Bombeiros e o Colégio da Polícia Militar a partir da próxima semana, seguindo sugestão do governo federal. “Este talvez seja primeiro passo para voltarmos à normalidade no tocante ao estudo no Brasil”, afirmou Bolsonaro após reunião com Ibaneis.
O debate ocorre no momento em que o Distrito Federal contabiliza 872 casos do novo coronavírus e 24 mortes provocadas pela doença. Na capital, a taxa de letalidade da Covid-19 é de 2,8%, conforme o último boletim divulgado pelo Ministério da Saúde.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)