Confira os destaques da entrevista de Mandetta e demais ministros
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (foto à esquerda), falou à imprensa nesta terça-feira, 14, pela primeira vez após afirmar, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, emissora considerada inimiga pelo Palácio do Planalto, que as ações adotadas pelo presidente Jair Bolsonaro, em contrariedade às orientações da pasta, deixavam a população confusa. Em tom...
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (foto à esquerda), falou à imprensa nesta terça-feira, 14, pela primeira vez após afirmar, em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, emissora considerada inimiga pelo Palácio do Planalto, que as ações adotadas pelo presidente Jair Bolsonaro, em contrariedade às orientações da pasta, deixavam a população confusa.
Em tom sóbrio, ao lado de outros quatro integrantes da Esplanada dos Ministérios, o titular da Saúde negou, ao ser questionado por jornalistas, que o objetivo da entrevista de domingo tenha sido o de forçar a própria exoneração antes do agravamento da Covid-19 no país. “Não vejo nesse sentido. Acho que é uma questão muito mais relacionada à comunicação. Como a gente deve comunicar. Nada além disso. É no trabalho que a gente está focado”.
Mandetta atribuiu às medidas restritivas a média “baixa” de crescimento diário de casos da doença no país — hoje, o percentual ficou em 8%. Na avaliação do ministro, a adoção do distanciamento social tem dado tempo para que o sistema único de saúde seja fortalecido antes do pico do contágio em território brasileiro. Já quase no fim de sua intervenção, ele voltou a assegurar que a pasta mantém a ciência como balizadora para a definição de estratégias.
O que mais chamou a atenção na entrevista, no entanto, não foi nem a participação mais contida de Mandetta, na esteira de mais um embate público com Jair Bolsonaro, mas o comportamento do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (foto à direita). O ministro fez um pronunciamento que soou como música aos ouvidos de Bolsonaro. Demarcando ostensivamente a diferença com Mandetta, Onyx partiu para uma defesa incisiva do chefe do Palácio do Planalto, a quem declarou "apoio incondicional". Onyx, que repetiu o tom adotado na conversa com o ex-ministro da Cidadania, Osmar Terra, flagrada na última semana pela CNN, também não mediu esforços para exaltar o papel do presidente na condução da crise do coronavírus. "O presidente Bolsonaro, de maneira corajosa, como comandante da nossa nação, faz um posicionamento de equilibrar os cuidados e as prevenções na área da saúde com as questões de sobrevivência econômica. Trago aqui meu apoio incondicional ao presidente na sua condição de líder da nação".
Confira os destaques da entrevista coletiva:
Divergências naturais
Na visão de Mandetta, o país colhe "os frutos que plantou" durante o período de implementação de medidas restritivas. O ministro avaliou que os desgastes entre pastas são naturais, pois cada uma tem enfoque sobre a sua área de atuação. "A gente sabe bem o tamanho da nossa responsabilidade e vai trabalhar. Toda a equipe está trabalhando com toda a garra", declarou.
Atrito
Quase demitido na última semana, Mandetta negou que tenha concedido entrevista ao Fantástico para forçar a demissão. "Acho que é mais uma questão relacionada à comunicação, como vamos nos comunicar. Nada além disso, é trabalho mesmo que estamos focados".
Leitos
Além de anunciar o início de um estudo clínico no Rio Grande do Sul para testar a presença de anticorpos contra o novo coronavírus, Mandetta disse que o Ministério da Saúde editou uma portaria para determinar a notificação compulsória da ocupação de leitos nos estados. "Esta informação é fundamental para qualquer tipo de tomada de decisão. São duas variáveis: a transmissibilidade da doença e a capacidade instalada para atender".
Aceno a Bolsonaro
Fiel escudeiro do presidente, Onyx cobriu Bolsonaro de elogios. "Nesse momento em que somos afetados por essa epidemia, é muito importante o posicionamento do presidente Bolsonaro, que, com sensibilidade, mas com olhar para todos, não apenas no presente, mas no futuro, equilibra os cuidados, os investimentos, as condições financeiras para que a saúde brasileira possa responder através do exército de enfermeiros, médicos, atendentes, possa enfrentar o desafio da covid-19".
Auxílio emergencial
Onyx Lorenzoni anunciou que "5,971 milhões de trabalhadores informais já receberam o auxílio emergencial de 600 reais pago pelo governo federal".
Sinergia
Ministro da Casa Civil, o general Braga Netto afirmou que os desencontros fazem parte do trabalho e disse que não há disputa entre os ministérios. "Isso é normal em uma crise desse volume, que tem mais de uma onda e que envolve diversos ministérios, com diversos interesses diferentes. Mas todos voltados para o bem do país", declarou.
Estoques reforçados
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas anunciou que 40 voos serão realizados para trazer ao país equipamentos de proteção individual, os EPIs. "A operação de guerra deve custar entre 80 milhões de reais e 100 milhões de reais", afirmou.
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