Em recurso, AGU defende reabertura de igrejas, mas sem aglomeração
Em recurso apresentado ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região, o governo federal defendeu que seja suspensa a decisão da Justiça Federal que proibiu a reabertura de templos religiosos e casas lotéricas determinada pelo presidente Jair Bolsonaro. No recurso, assinado por cinco integrantes da Advocacia-Geral da União, o governo afirma que a liberdade de culto...
Em recurso apresentado ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região, o governo federal defendeu que seja suspensa a decisão da Justiça Federal que proibiu a reabertura de templos religiosos e casas lotéricas determinada pelo presidente Jair Bolsonaro. No recurso, assinado por cinco integrantes da Advocacia-Geral da União, o governo afirma que a liberdade de culto é um direito fundamental e defende que sejam reabertos os templos religiosos respeitando as recomendações do Ministério da Saúde de evitar aglomerações.
“Impedir todas as celebrações religiosas, como visto, aniquila o próprio direito (de culto). Solução intermediária é a adotada pelo Ministério da Saúde. Em sucessivas entrevistas coletivas realizadas, representantes da pasta têm declarado insistentemente a necessidade de isolamento social. É necessário evitar aglomerações”, afirma a peça da AGU. Sem entrar em detalhes sobre como isso poderia ser feito, a Advocacia-Geral da União afirma que a decisão da Justiça Federal que impediu a reabertura de templos vedou a realização de “qualquer atividade religiosa”, mesmo as que não envolvam aglomerações, como a confissão. “O direito à saúde, em choque com a liberdade de culto, fez com que o primeiro suplantasse o segundo, sendo visto como um direito absoluto. Como se verá, essa não é a solução mais adequada”, segue a AGU na peça.
Os representantes da União também pedem a reabertura das casas lotéricas e lembram que elas são uma estrutura importante para atender a população mais vulnerável, uma vez que oferecem diversos serviços bancários. “O fechamento das lotéricas retira dos cidadãos em situação de extrema vulnerabilidade o acesso a serviços essenciais tais como o pagamento de contas de consumo e realização de saques de benefícios como o Bolsa Família, Seguro Desemprego, recebimento de aposentadoria do INSS e saque do FGTS”, afirma a AGU no recurso.
A peça da AGU está em sintonia com a manifestação do advogado-geral da União, André Mendonça (foto), durante coletiva de ministros nesta segunda-feira, 30. “O decreto que considerou essas atividades como essenciais fez a ressalva expressa de que é preciso se atentar às orientações de saúde”, explicou o chefe da AGU. Segundo ele, a decisão do governo de liberar atividades religiosas foi baseada no entendimento do governo de Nova York, nos Estados Unidos. “Lá, se deixou a critério das autoridades religiosas”, justificou Mendonça.
Na quinta-feira, 26, Bolsonaro editou dois decretos para que templos religiosos e casas lotéricas fossem considerados serviços essenciais e pudessem ser reabertos em todo o país, apesar das medidas de quarentena que vêm sendo adotadas nos estados e municípios para o combate à pandemia de coronavírus. Um dia após a edição dos decretos, a Justiça Federal em Duque de Caxias suspendeu sua validade por entender que eles contrariavam as recomendações de isolamento social da OMS e do Ministério da Saúde.
O pedido da AGU foi encaminhado à presidência do Tribunal Regional Federal da 2ª Região.
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Comentários (9)
Juju
2020-03-31 07:42:20AGI (advogado geral das igrejas)
Maria
2020-03-31 00:25:38Autorizar abertura de templos e igrejas, onde fatalmente haverá aglomeração, é algo impensável neste momento. Diria, terrivelmente ignorante...
Covid-19
2020-03-30 23:35:28Que notícia maravilhoooooosa! . Adoro pulmões de gente religiosa. Possuem um gosto diferente. Deve ser a fé, sei lá. Bolsonaro é nota mil. Pátria amada Brasil!
Giselda
2020-03-30 23:35:19Ainda bem que a minha igreja é a católica apostólica romana.
Sergio
2020-03-30 22:35:44Cuidado MIGUEL o Covid-19 vem aí.
José
2020-03-30 21:35:45A AGU está focada em ações muito “relevantes” para o Brasil. Pessoal “responsável” esse que está preocupado com um tema tão “importante” para o país. Tira o salário dessa turma e manda para os hospitais!
Juarez
2020-03-30 20:43:20Tudo por causa de grana. Chegou a hora deles, Líderes Religiosos devolverem um pouco do muito que eles já arrecadaram com o dizimo. Pode vir ajudar os fiéis que ficarem desempregados.
Getulio
2020-03-30 20:10:06O pastor de um megatemplo na Florida acaba de ir para a cadeia. Colocou em risco a sua congregação, além do resto da comunidade, foi o argumento da justiça para enjaula-lo. Não deixa de ser um aviso aos navegantes. E mais. O coro de uma igreja contava com 60 membros. Dois estão mortos e outros 45 foram infectados pelo novo coronavírus, que não é de diálogo fácil, pelo jeito. O regente argumentou que todos observaram a distância regulamentar. Não é verdade, Terta?
Helio
2020-03-30 19:59:13Resta saber como os templos vão impedir aglomerações. Vão colocar alguém contando quantas pessoas ingressam? Liberdade de culto é direito fundamental? Ir e vir também. Então acabemos com todas as quarentenas e vivamos vida normal, esquecendo o COVID.