Escalada entre curdos e tropas sírias ameaça acordo histórico
Quatro mortos em novo conflito agrava tensão em Aleppo
Um novo confronto armado entre as Forças Democráticas Sírias (FDS), lideradas pelos curdos, e as forças ligadas ao novo governo sírio recrudesceu na cidade de Aleppo.
A atualização desta terça-feira, 23, aponta para a morte de quatro pessoas e ao menos 14 feridos.
Nos bairros curdos de Sheikh Maqsoud e Ashrafie, há relatos de disparos de morteiros, foguetes e metralhadoras pesadas.
O Ministério da Saúde da Síria afirmou que as FDS atacaram uma área residencial próxima ao Hospital Al-Razi, em Aleppo, provocando a morte de quatro civis.
Acordo
O porta-voz do Ministério do Interior sírio, Noureddine al-Baba, acusou a aliança curda de promover “ataques sistemáticos em Aleppo, contra bairros residenciais densamente povoados e o Hospital Al-Razi”.
Segundo al-Baba, a intenção dos curdos é minar o acordo assinado em 10 de março, que previa negociações sobre o futuro do exército curdo e da administração das regiões sob seu controle.
Já o porta-voz das FDS negou as acusações de Damasco. Segundo ele, o ataque partiu das forças do novo governo.
"Mentiras como ferramenta política para justificar seus ataques. Dezenas de vídeos "documentados mostram bombardeios de artilharia e tanques realizados por facções do governo de Damasco nos bairros de Sheikh Maqsoud e Ashrafieh e em outras áreas".
O acordo histórico previa a integração de todas as instituições civis e militares do nordeste da Síria à estrutura do Estado.
O presidente Ahmed al-Sharaa e o comandante da FDS, Mazloum Abdi, concordaram em fundir os aparatos administrativos e de segurança à administração central.
Pelo acordo, os combatentes curdos também apoiariam as forças do governo sírio no combate a milícias pró-Assad.
As negociações já estavam em andamento desde a queda do ditador, mas a implementação prática ficou longe do esperado, levando à retomada das conversas nas últimas semanas.
Curdos
Os curdos são um povo que habitam a região do Curdistão, espalhada pelo leste da Turquia, norte do Iraque, noroeste do Irã e nordeste da Síria.
Cerca de 40 milhões de pessoas se identificam como curdos, sendo a maior população sem Estado própria.
Na Síria, o movimento de independência é o FDS.
Os combatentes tiveram um papel fundamental na guerra contra o Estado Islâmico (ISIS), durante a guerra civil.
Os Estados Unidos financiavam, diretamente ou indiretamente, parte das atividades militares no nordeste da Síria.
Na Turquia, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (conhecido como PKK) é considerado um grupo terrorista.
O PKK surgiu em 1978 para lutar por um Estado curdo independente.
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