Para Haddad, a culpa ainda é de Campos Neto
"O Banco Central está colocando ordem em coisas que foram herdadas da gestão do Roberto Campos Neto", insistiu o ministro da Fazenda
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (foto), deu mais uma entrevista inacreditável, na qual disse que "nunca houve um ritmo de ajuste tão forte " e reclamou mais uma vez de ser incompreendido pelos agentes econômicos e o Banco Central.
Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano, o maior patamar da série histórica, pela quarta vez, entre outras coisas pelo "desenvolvimentos da política fiscal doméstica".
"Penso que essa má vontade também de pinçar elementos para compor uma narrativa fantasiosa sobre o resultado final do governo também causa um pouco de apreensão, e isso tem a ver com a proximidade das eleições. Porque nos dois primeiros anos, nós estávamos vivendo mesmo com a Faria Lima [uma boa relação]. É uma agenda mais tensa, porque eles têm uma visão de ajuste fiscal que é diferente do nosso", disse Haddad a O Globo.
A "visão de ajuste fiscal" da "Faria Lima" — e de qualquer pessoa que esteja prestando atenção aos números manipulados pelo governo — é de que Lula e Haddad não estão fazendo ajuste nenhum, mas apenas retirando despesas da meta fiscal, para fingir cumprir a meta.
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Fora da meta
O Globo menciona isso em pergunta a Haddad, destacando que "as exceções às regras fiscais têm ganhado escala nos últimos meses e atingiram R$ 170 bilhões até o fim de 2026, corroendo a credibilidade da política fiscal do governo".
Haddad rebateu mencionando apenas uma fatia desse valor, correspondente a este ano:
"A despesa extraordinária do Rio Grande do Sul e do Plano Brasil Soberano não vai se repetir, não é estrutural. O governo Lula não ia faltar com o Rio Grande do Sul. No Brasil Soberano, que é um valor bem menor, a oposição foi aos Estados Unidos pedir sanção contra o Brasil. Agora, com o vale gás e Pé-de-Meia. O que a Fazenda fez? Botou orçamento. Era uma crítica que eu considerei justa, inclusive porque a própria recomendação veio do Tribunal de Contas da União (TCU). E eu falei: 'Vamos colocar dentro do orçamento, porque são despesas recorrentes'."
Questionado sobre os 5 bilhões de reais destinados à defesa nacional que também ficaram fora da meta fiscal, o ministro disse que propôs votar junto uma reforma da Previdência no Congresso, mas que os parlamentares não toparam:
"São constrangimentos. Vai negar dinheiro para a Defesa? Ninguém no Congresso vai. Mas fiz uma proposta de que a gente combinasse isso com uma medida compensatória, e não fui feliz na negociação."
Correios e Campos Neto
Questionado sobre o rombo de 10 bilhões de reais dos Correios, que também vão ficar fora da meta de 2026, Haddad falou em "reinvenção" da estatal, e quando confrontado com a Selic a 15% ao ano, evocou o fantasma de Roberto Campos Neto.
"Eu sei do esforço que ele [Gabriel Galípolo, presidente do BC indicado por Lula] está fazendo para botar ordem na casa. Essa crise do Banco Master que ele herdou é um negócio absurdo. A crise das fintechs também. Vamos combinar que esse ano o Banco Central está colocando ordem em coisas que foram herdadas da gestão do Roberto Campos Neto, que todo mundo sabia", disse Haddad, ao reforçar suas reclamações sobre o patamar da taxa básica de juros.
"Era uma voz corrente no mercado financeiro as coisas absolutamente pouco técnicas que foram feitas durante a gestão Roberto Campos Neto. O Galipolo, com toda a delicadeza e elegância, já emitiu acho que 17 medidas, botando freio no descalabro das fintechs e tudo mais", seguiu o ministro da Fazenda, tentando fingir que está tudo bem e omitindo que Galípolo foi diretor do BC durante a gestão de Campos Neto.
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