A granada sem pino de Jorge Messias
Advogado-geral da União pede adiamento da sabatina, na esperança de que a relação entre Executivo e Senado melhore
O senador Weverton Rocha, do PDT, foi encarregado de ser o relator da indicação do advogado-geral da União Jorge Messias (foto) para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Esta semana, Weverton andou reclamando do papel que lhe foi dado.
"Quando eu disse que jogaram uma granada sem pino, eu percebi que há um movimento forte... que não vai ser fácil. As últimas indicações não foram fáceis", disse ele.
"Agora vou atrás do pino para não deixar essa granada explodir. (...) Vou entender como está o ambiente da Casa e vamos trabalhar, preparar o relatório e levar para a comissão, conversar com meus colegas", afirmou.
Como relator da indicação, contudo, não cabe a Weverton fazer articulações para conseguir a aprovação de Jorge Messias.
Sua função é analisar o passado do indicado e dizer se ele tem notório saber jurídico e reputação ilibada.
Finda a análise, o relator precisa publicar um relatório de meia dúzia de páginas dizendo se recomenda ou não a aprovação do indicado na sabatina marcada para 10 de dezembro.
Quando Weverton diz que está com uma granada sem pino nas mãos e que a articulação está difícil, ele está criando um problema que não existe.
A questão é que, como aliado de Lula, Weverton não quer que seu relatório — certamente favorável a Messias — seja recusado na Comissão de Constituição de Justiça ou no plenário.
Ele sabe que Davi Alcolumbre, o presidente da Casa, anunciou que será um "novo Davi" para o Planalto. "Vou mostrar ao governo o que é não ter o presidente do Senado como aliado", disse.
O campo está todo minado.
Sabendo disso, Messias tem pedido aos senadores para adiarem sua sabatina no Senado.
A esperança do advogado-geral da União é que a relação entre o Executivo e o Legislativo melhore nas próximas semanas, de forma a facilitar sua aprovação.
Alcolumbre, contudo, tem se recusado a receber Messias em seu gabinete.
Para aprovar a indicação, Alcolumbre está cobrando um preço alto demais.
Como escreveu Wilson Lima em Crusoé, o presidente do Senado deu recado a integrantes do Planalto "que ele pode mudar de ideia sobre a indicação de Jorge Messias se o petista concordar em dar ao parlamentar o comando do Banco do Brasil, do Banco do Nordeste (BNB) e até da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Uma fatura e tanto".
Com o passar do tempo, pode ser que a negociação diminua a fatura.
Mas não há nenhuma garantia de que, mais tarde, a relação entre o Planalto e o Senado estará normalizada.
Pode ser que, com o tempo, a fatura fique mais cara e se torne impagável. E é aí que a granada pode explodir.
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