Esquerda ganha ou perde com prisão de Bolsonaro?
"Para a esquerda, o impacto é misto: Bolsonaro preso diminui o antagonismo perfeito que Lula utiliza desde 2022", afirma Wilson Pedroso
A prisão de Jair Bolsonaro no sábado, 22, após o ex-presidente ter queimado a tornozeleira eletrônica com um ferro de solda terá um efeito misto na esquerda brasileira, segundo o analista político e colunista de Crusoé Wilson Pedroso.
"Para a esquerda, o impacto é misto: Bolsonaro preso diminui o antagonismo perfeito que Lula utiliza desde 2022. A polarização perde calor e isso não necessariamente favorece o governo", afirma Pedroso.
Em artigo para Crusoé, o estrategista eleitoral Roberto Reis também comentou o impacto da prisão para a esquerda.
"[A prisão] ajuda a esquerda e o Lula. Ajuda e atrapalha ao mesmo tempo. A esquerda perdeu seu bobo da corte. A direita reorganizada sem Bolsonaro pode ser mais perigosa para ela no médio prazo", afirma Reis.
"Um candidato de direita com menos rejeição, mais disciplina e menos família atrapalhando tem mais chance de vencer a eleição do que um Bolsonaro radicalizando tudo", segue o colunista. "Lula sabe disso. O entorno mais inteligente do petismo também. Por isso, não espere euforia. Há mais cálculo do que comemoração."
Impacto para a direita
Para Wilson Pedroso, a prisão de Bolsonaro não fecha um ciclo, mas "abre um novo tabuleiro".
"O efeito imediato não é eleitoral, é psicológico: a direita perde previsibilidade e a elite política volta a operar sem medo da reação bolsonarista. Isso, por si só, já reorganiza forças", afirma Pedroso.
"Não vejo corrida por 'sucessor', mas sim um movimento silencioso de testar nomes. Ninguém quer assumir oficialmente a herança enquanto não entender o tamanho do custo", diz o analista, que também é sócio da empresa Real Time Big Data, que realiza o Lulômetro.
Com Jair Bolsonaro preso, o Centrão ficou mais livre para negociar, segundo ele.
Apesar de muitas manifestações de solidariedade de políticos de direita a Jair Bolsonaro nas redes, não houve uma manifestação massiva da população em seu apoio, o que pode facilitar as negociações do Centrão.
"Nas redes, o barulho foi grande, mas não virou sentimento de massa. O bolsonarismo digital segue forte, porém mais emocional do que organizado. E, sem organização, não há rua", afirma Pedroso.
"No fundo, o ponto central é outro: o país começa a discutir a sucessão da direita sem Bolsonaro no centro, mesmo que ninguém admita isso ainda. É o início de uma transição silenciosa."
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