Declaração final da COP30 não terá plano para redução de combustíveis fósseis?
Tema foi excluído do texto em meio à forte resistência de países produtores de petróleo
Uma versão preliminar da declaração final da COP30, apresentada pela Presidência brasileira na madrugada desta sexta-feira, 21, não tem qualquer referência ao abandono dos combustíveis fósseis, publicou a Bloomberg.
A minuta de sete páginas chamou os países participantes do evento a acelerarem a ação climática por meio de um "Acelerador de Implementação Global" voluntário, sem, no entanto, apresentar um roteiro para a transição do petróleo e de outros combustíveis fósseis.
O tema foi excluído da declaração final em meio à forte resistência de países produtores de petróleo.
Protesto
Batizado de "Mutirão Global", o rascunho não foi bem recebido por nações que consideram a redução da dependência dos combustíveis fósseis essencial.
Na noite de quinta, 20, mais de 30 países, como França, Alemanha e Reino Unido, ameaçaram não apoiar a declaração final, caso o texto não inclua um mapa do caminho para abandonar os combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás natural.
A proposta, segundo o grupo, não cumpre "as condições mínimas para um resultado crível" da conferência do clima.
O esboço obtido pela Bloomberg, no entanto, insiste em omitir um plano para o abandono dos combustíveis mais poluentes.
A hipocrisia do governo Lula
Embora defenda publicamente a redução gradual dos combustíveis fósseis, o governo Lula atuou intensamente para que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, Ibama, desse o aval para a estatal Petrobras pesquisar petróleo nas águas profundas da Margem Equatorial do Amazonas.
O local da exploração fica a 500 quilômetros da foz do rio.
Ao autorizar a "pesquisa de recurso pretrolífero na área", o Ibama se esforçou para dizer que foram tomadas precauções para o caso de acidentes, mas não cita em momento algum o aquecimento global, nem fala em mudanças climáticas.
"A emissão da licença ocorre após rigoroso processo de licenciamento ambiental, que contou com elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), realização de três audiências públicas, 65 reuniões técnicas setoriais em mais de 20 municípios dos estados do Pará e do Amapá, vistorias em todas as estruturas de resposta à emergência e unidade marítima de perfuração, além da realização de uma Avaliação Pré-Operacional, que envolveu mais de 400 pessoas, incluindo funcionários e colaboradores da Petrobras e equipe técnica do Ibama", diz a nota.
Durante viagem à Indonésia, Lula defendeu a exploração de petróleo na foz do Amazonas.
"Enquanto o mundo precisar, o Brasil não vai jogar fora uma riqueza que pode melhorar a própria vida do povo brasileiro", afirmou.
"A gente tem que utilizar o dinheiro do petróleo para consolidar a transição energética. É muito fácil falar assim do combustível fóssil, mas é difícil a gente dizer quem é que tem hoje condições de se libertar dele. Ninguém tem", acrescentou.
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